Dólar cai para R$ 4,74 e encosta no valor pré-pandemia; queda acumulada na semana é de 5%

Divisa norte-americana recua com crescimento do fluxo de capital estrangeiro pela valorização das commodities e expectativa de alta dos juros

  • Por Jovem Pan
  • 25/03/2022 17h21 - Atualizado em 25/03/2022 20h15
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Gary Cameron/Reuters Cédula de dólar Dólar abriu sexta-feira em queda, mas inverteu o sinal após inflação acima do esperado

Os principais indicadores do mercado financeiro brasileiro fecharam no campo positivo nesta sexta-feira, 25, com investidores analisando os dados da prévia da inflação em março e os efeitos de novas sanções à Rússia. O dólar encerrou com queda de 1,75%,a R$ 4,747, a menor cotação desde 11 de março de 2020, quando fechou em R$ 4,723. A divisa chegou a tocar a mínima de R$ 4,744, enquanto a máxima não passou de R$ 4,826. O valor aproxima o câmbio do patamar pré-pandemia, em fevereiro de 2020, quando o dólar rondava a casa de R$ 4,50. A moeda encerrou a véspera com recuo de 0,25%, cotado a R$ 4,832. Foi o oitavo dia seguido de desvalorização. O resultado faz o dólar acumular queda de 5,3% na semana. Na parcial de março, a divisa registra retração de 8%, enquanto desde o início do ano o recuo foi de 15%. Apesar do clima positivo nos mercados internacionais, o Ibovespa, referência da Bolsa de Valores brasileira, encerrou praticamente estável, com leve alta de 0,2%, aos 119.081. Foi o melhor desempenho desde 1º de setembro, quando encerrou em 119.395 pontos. O pregão desta quinta-feira, 24, fechou com alta de 1,36%, aos 119.052 pontos, o melhor resultado desde 1º de setembro, quando foi a 119.395 pontos.

Os mercados seguem acompanhando a agenda dos líderes da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) após o anúncio de novas sanções à Rússia. Os Estados Unidos e a União Europeia anunciaram nesta sexta-feira a criação de um grupo de trabalho para atuar na redução da dependência europeia de combustíveis fósseis russos, principalmente o gás. O grupo se reúne em Bruxelas em meio ao recrudescimento dos conflitos no Leste Europeu. O clima tenso mantém a cotação das commodities, sobretudo o petróleo, pressionada. Apesar de registrar leve alta de 0,3% nesta manhã, o barril do tipo Brent — referência na maior parte do globo — era negociado acima de US$ 119. Já o WTI, base do mercado norte-americano, subia 0,4%, aos US$ 112.

No cenário doméstico, a prévia da inflação brasileira registrou alta de 0,95% em março, levemente abaixo do avanço de 0,99% em fevereiro, segundo dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) divulgados nesta sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Este é o maior resultado para o mês em sete anos, ou seja, desde março de 2015. Apesar de recuar frente a fevereiro, o acumulado de 12 meses foi a 10,79%, acima dos 10,76% registrados nos 12 meses imediatamente anteriores. O avanço foi puxado pelos alimentos, mas todos os nove grupos de bens e serviços registraram alta no mês.

A prévia da inflação de março absorve apenas parte dos impactos do conflito no Leste Europeu, iniciado no dia 24 de fevereiro. A disparada das commodities, sobretudo o petróleo e os grãos, aumentou a pressão sobre a inflação em todo o mundo. O Banco Central (BC) admitiu nesta quinta-feira, 24, que não deve cumprir com a meta para o IPCA neste ano ao subir a previsão para 7,1%. Em um cenário alternativo, a variação ficaria em 6,3%. Em ambos os casos, o patamar estoura o teto de 5%, com centro de 3,5% e piso de 2%. Caso se confirme, será o segundo ano seguido que o IPCA extrapola o limite máximo estipulado pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). O presidente da autoridade monetária, Roberto Campos Neto, estima que a inflação atinja o pico em abril, para então iniciar processo de queda.

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