Dólar e Bolsa caem com inflação nos EUA em março no maior patamar em 40 anos

Alta de 8,5% em um ano do índice de preços ao consumidor reforça pressão por aumento de juros na principal economia do globo

  • Por Jovem Pan
  • 12/04/2022 17h27
FERNANDA LUZ/AGIF - AGÊNCIA DE FOTOGRAFIA/ESTADÃO CONTEÚDO Mão segura notas de dólar Dólar recua com mercados analisando impactos da inflação nos EUA

O dólar e o mercado de ações fecharam em queda nesta terça-feira, 12, com investidores analisando o avanço da inflação nos Estados Unidos em março ao maior patamar em mais de 40 anos. O índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) avançou 1,2% ante fevereiro, e foi a 8,5% na comparação anual — o maior salto desde o fim de 1981. O resultado veio acima do esperado pelos analistas e reforça o aperto monetário pelo Federal Reserve (Fed) nos próximos meses. O dólar encerrou com queda de 0,3%, a R$ 4,677, após bater máxima de R$ 4,695 e mínima de R$ 4,623. Esta foi a terceira sessão seguida de desvalorização do dólar ante o real. O câmbio encerrou a véspera com queda de 0,4%, a R$ 4,690. Impactado pelo clima negativo nos mercados internacionais, o Ibovespa, referência da Bolsa de Valores brasileira, caiu 0,7%, aos 116.146 pontos. O pregão desta segunda-feira, 11, fechou com queda de 1,16%, aos 116.952 pontos.

As pressões inflacionárias nos EUA vieram pouco acima do esperado pelos analistas. Porém, ao retirar os alimentos e energia — principais “vilões” da inflação —, o CPI registrou alta de 6,5% na comparação anual, levemente abaixo das expectativas. Em um primeiro momento, a percepção de que a inflação deve estar atingindo o pico impactou positivamente no mercado. Horas depois, porém, o aumento da percepção dos reflexos do aumento dos juros na economia inverteram o humor, e as Bolsas nos EUA e no Brasil começaram a operar no campo negativo. O resultado do CPI de março reforça a expectativa de aperto da política monetária. O Fed já sinalizou que deve fazer elevações de 0,5 ponto percentual nos próximos dois encontros, ante alta de 0,25 ponto percentual no mês passado.  “Hoje na curva de juros se precifica que a taxa básica norte-americana chegue entre 2,5% e 2,75% ao final de 2022, mas não nos surpreenderia se o movimento total seja ainda maior este ano, em 3%”, afirma o economista-chefe da Necton Investimentos, André Perfeito.

O aumento dos juros impacta no mercado pela atração de dólares ao Tesouro dos EUA, considerado um dos investimentos mais sólidos do globo, em detrimento de outros ativos, principalmente em países em desenvolvimento. O avanço da taxa pelo Fed é um dos motivos que analistas apontam para o início da escalada do dólar ante o real a partir do fim do primeiro semestre. A subida dos juros também impacta na desaceleração econômica. Na semana passada, o alemão Deutsche Bank foi a primeira grande instituição a alertar para a retração da economia dos EUA entre o fim de 2023 e início de 2024.

No cenário doméstico, a prestação de serviços recuou 0,2% em fevereiro, o segundo mês seguido de desempenho negativo após retração de 1,8% em janeiro. Com o resultado, a atividade acumula queda de 2% em 2022, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgados nesta terça-feira. Os investidores também seguem analisando as falas na véspera do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, sobre surpresas com o avanço de 1,62% em março da inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o maior registro para o mês em 28 anos. O resultado fez o acumulado em 12 meses subir a 11,3%. Para analistas, os sinais da autoridade monetária indicam para o alongamento da trajetória de juros, hoje em 11,75% ao ano. No último encontro, o Comitê de Política Monetária (Copom) afirmou que deve fazer novo acréscimo de 1 ponto percentual no mês que vem.

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