Dólar cai 1%, fecha a R$ 5 e tem a menor cotação desde junho de 2021
Cenário com juros altos e valorização de commodities atrai investidores para o mercado brasileiro; tensão no Leste da Europa prejudica negócios ao redor do mundo
O dólar fechou esta quarta-feira, 23, com queda de 0,95%, no quarto dia seguido de desvalorização ante o real. O resultado derrubou a moeda para R$ 5,004, a menor cotação desde o dia 30 de junho, quando encerrou a R$ 4,973. Na variação intradiária, a divisa norte-americana chegou na mínima de R$ 4,995, enquanto a máxima não passou de R$ 5,051. O câmbio encerrou a véspera com queda de 1%, a R$ 5,052. A atração de dólares ao Brasil é justificada pela maior atratividade da renda fixa com o aumento da Selic e a valorização de commodities. Impactado pelo pessimismo nos mercados globais em meio ao aumento das tensões entre a Rússia e a Ucrânia, o Ibovespa, referência da Bolsa de Valores brasileira, registrou queda de 0,94% nesta quarta, aos 111.827 pontos. O pregão da terça-feira, 22, havia fechado com avanço de 1%, aos 112.891 pontos.
Na esteira dos atritos na fronteira e o aumento dos conflitos nas regiões separatistas de Donetsk e Luhansk, o Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia pediu que seus cidadãos deixem o território russo rapidamente. Em comunicado divulgado nesta quarta-feira, o governo pede que os ucranianos cancelem viagens ao país vizinho e aqueles que já estão na Rússia partam “imediatamente”. O alerta acontece um dia após o presidente Volodymyr Zelensky anunciar a convocação de militares da reserva, com idades entre 18 e 60 anos. Diversos países do Ocidente, entre eles os Estados Unidos e o Reino Unido, anunciaram uma série de sanções aos russos após o presidente Vladimir Putin reconhecer a independência das regiões rebeldes no Leste da Ucrânia e mandar soldados para a região. Em um duro comunicado, o presidente dos EUA, Joe Biden, afirmou que o movimento caracteriza uma invasão ao território ucraniano e que Putin planeja continuar o avanço sobre o país.
Na pauta interna, o mercado analisa o avanço da prévia da inflação para 0,99% em fevereiro, o maior registro para o mês desde 2016 e acima do patamar de 0,58% de janeiro. O resultado faz o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) acumular alta de 10,76% em 12 meses, acima dos 10,2% registrados no período imediatamente anterior. Desde o início do ano, a prévia da variação de preços soma alta de 1,58%. No acumulado de 12 meses, o indicador está bastante acima da meta de 3,5% perseguida pelo BC em 2022, com margem de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo, ou seja, entre 2% e 5%. O mercado financeiro estima que a inflação encerre o ano a 5,56%. O resultado deve reforçar o discurso da autoridade monetária no aperto dos juros. O Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a taxa básica de 9,25% para 10,75% no início do mês, e deixou contratado novo aumento no encontro de março, mas admitiu que o ritmo deve ser desacelerado. O mercado financeiro espera que a taxa básica encerre o ano a 12,25%. Parte dos analistas, porém, enxerga a Selic próximo ao patamar de 13% no fim do ciclo de alta.
Ainda na pauta doméstica, a arrecadação federal com impostos atingiu R$ 235,321 bilhões em janeiro, com aumento real de 18,3% em relação ao mesmo mês de 2021, informou a Receita Federal nesta quarta-feira. Segundo o Ministério da Economia, foi o melhor resultado para o mês desde o início da série histórica, em 1995. O resultado foi puxado pelo crescimento da arrecadação de pessoas jurídicas, em especial as empresas que fecharam seus balanços no mês de dezembro de 2021. “Sem considerar os pagamentos atípicos, haveria um crescimento real de 9,19% na arrecadação do mês de janeiro de 2022”, informou o Fisco.
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