Dólar fecha em alta e atinge R$ 3,60, maior valor desde maio de 2016
O alívio no câmbio durou pouco e o dólar voltou a subir nesta sexta-feira (11). A moeda americana fechou em alta de 1,43%, cotada a R$ 3,6002 – novo patamar e maior cotação desde 31 de maio de 2016. Naquele pregão de dois anos atrás, os mercados domésticos estressaram com a noticia de que a Polícia Federal indiciara o presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, e dois executivos do banco no inquérito da Operação Zelotes, que investiga compra de decisões no Carf.
Hoje a moeda americana teve mais um dia de alta volatilidade – durante o pregão, oscilou quase 7 centavos, da mínima de R$ 3,5448 (-0,12%) à máxima de R$ 3,6121 (+1,77). O giro dos negócios à vista alcançou US$ 820 milhões. Operadores ainda esperam que o dólar encontre um novo patamar, na casa dos R$ 3,50 ou R$ 3,60, para que a volatilidade possa ser reduzida. Na semana, o dólar à vista acumulou alta de +2,14%. Perto das 17h, o dólar para junho subia 1,45% e saía a R$ 3,6090, movimentando US$ 18 bilhões.
Pela manhã houve bastante especulação no mercado com a pesquisa de intenção de voto para as eleições presidenciais da CNT/MDA, que deverá ser divulgada na segunda-feira. A conversa era de que, após a desistência de Joaquim Barbosa, todos os votos que seriam para ele migrariam para Ciro Gomes, pré-candidato totalmente desalinhado com o que pensa o mercado.
Alessandro Faganello, operador da Advanced Corretora, atribuiu a análise a “pura especulação” diante da dificuldade de fazer uma avaliação como essa. Para Faganello, a única notícia hoje que poderia indicar alguma apreciação no câmbio foi divulgada pela manhã: o índice de sentimento do consumidor dos Estados Unidos elaborado pela Universidade de Michigan ficou estável em 98,8 em maio, na preliminar do dado. Analistas ouvidos pelo Wall Street Journal previam 98,0. “Esse dado corrobora a avaliação de quem enxerga aquecimento na economia americana, pois é visto como um sinalizador mais forte para o consumo”, diz.
À tarde não houve notícias com impacto para formar preços no câmbio. O mercado voltou a falar em maior procura por hedge e também nas dúvidas sobre até onde vai o patamar do dólar em relação ao real que deixa o Banco Central do Brasil “confortável” com a valorização e seus impactos na inflação.
A expectativa do mercado é para novo corte da Selic semana que vem, mas cresce a percepção que o BC trabalha cada vez mais com sinalizações ambíguas. O enfraquecimento da atividade sustenta a redução das taxas; mas a apreciação do dólar preocupa. Conforme pesquisa do AE Dados da Agência Estado, a mediana das expectativas do câmbio para fim de maio subiu 4,13%, para R$ 3,53. Para o fim do segundo trimestre, a mediana foi de R$ 3,54.
Em entrevista ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado, o economista-chefe do Itaú Unibanco, Mario Mesquita, afirmou que as notícias negativas sobre a Argentina podem fazer com que investidores estrangeiros retirem recursos alocados em emergentes.
“Isso nos afeta de forma indireta. Não é que o sujeito vai tirar dinheiro no Brasil porque a Argentina está com problemas. Todas classes de ativos de emergentes sofrem quando você tem esse tipo de noticiário”, disse o economista do Itaú.
A pressão sobre o peso, o real e outras moedas de emergentes deve continuar pela frente, avalia o economista. Hoje o Itaú Unibanco revisou seu cenário para a economia brasileira e aumentou a projeção para o dólar, de R$ 3,25 para R$ 3,50. Esta tarde o dólar se aproximou da marca de 24 pesos argentinos e o Banco Central da República da Argentina (BCRA) teve de intervir mais uma vez no câmbio Na mídia argentina, fala-se que a dimensão da investida do BCRA foi de entre US$ 1,2 bilhão e US$ 1,6 bilhão.
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