Dólar sobe 35%, e real tem pior desempenho mundial no 1º semestre

No ranking de piores moedas de 2020, a divisa brasileira é seguida pelo rand, da África do Sul, e pelo peso mexicano

  • Por Jovem Pan
  • 30/06/2020 18h21
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Dudu Macedo/Estadão Conteúdo Nota de dólar embaixo de cinco moedas de real O dólar segue acima dos R$ 5,00

O dólar fechou junho em alta de 1,9%, acumulando valorização de 4,7% no segundo trimestre e de 35,6% no primeiro semestre, marcando o real como a moeda em 2020 com pior desempenho, considerando uma lista das 34 divisas mais líquidas no mundo. Dos seis primeiros meses do ano, o dólar só caiu em maio. Nesta terça-feira, por ser o último dia de vários períodos – mês, segundo trimestre e semestre -, fatores técnicos acabaram predominando e mesmo após a definição do referencial Ptax, usados como base em balanços corporativos e contratos cambiais, a pressão de alta continuou, levando o Banco Central a fazer um leilão de dólar à vista. Profissionais das mesas de câmbio relataram ainda fluxo de saída de recursos hoje. No fechamento, o dólar à vista terminou o dia em R$ 5,4402, em alta de 0,25%. No mercado futuro, o dólar para agosto, que hoje passou a ser o contrato mais líquido, era negociado em R$ 5,4495 às 17h, com ganho de 0,79%.

O diretor de tesouraria de um banco observa que o mercado de câmbio operou parte dos negócios descolado dos demais ativos, por conta de fatores técnicos, tendo um dia volátil. Pela manhã, o mercado “foi claramente comprador”, ou seja, antes da definição do referencial Ptax, ressalta ele. Assim, o dólar bateu em R$ 5,50. Nos negócios da tarde, voltou a apresentar “certa normalidade”, com auxílio do leilão do BC. Com isso, passou a acompanhar mais de perto o exterior.

No ranking de piores moedas de 2020, o real é seguido pelo rand, da África do Sul, onde o dólar acumulou alta no primeiro semestre de 24%, e o peso mexicano, onde subiu 21%. Mesmo com o real tendo o pior desempenho este ano, a perspectiva dos estrategistas de câmbio é que a moeda brasileira deve seguir fraca na segunda metade do ano.

A analista de moedas e emergentes do banco alemão Commerzbank, You-Na Park-Heger, observa que as incertezas sobre os rumos da pandemia de coronavírus no Brasil permanecem altas, isso em um cenário de juros historicamente baixos e com chance de cair ainda mais e ainda ruídos políticos. “Nesse contexto, é provável que os investidores sigam cautelosos e que o real continue fraco”, opina.

O banco americano Citi projeta dólar acima de R$ 5,00 este ano e no próximo. Para dezembro, a projeção é de dólar em R$ 5,21. Em relatório divulgado hoje, a projeção de queda do Produto Interno Bruto (PIB) foi mantida em 6,5% para este ano. O Citi também manteve a estimativa para a taxa básica de juros em 2,25%, mas não descarta a possibilidade de novo corte na taxa na reunião de agosto do BC.

*Com informações do Estadão Conteúdo

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