Dólar recua com exterior positivo e subsídio a combustíveis no radar; Bolsa sobe

Mercados reagem com indicações de que sanções ao petróleo russo não levarão ao desabastecimento e pelas mudanças na postura do Kremlin na ofensiva contra a Ucrânia

  • Por Jovem Pan
  • 09/03/2022 18h20
  • BlueSky
Antara Foto/Hafidz Mubarak/via Reuters Mão segura diversas cédulas de dólar Dólar avança com pressão internacional em meio entraves da guerra no Leste Europeu

Os principais indicadores do mercado financeiro brasileiro fecharam no campo positivo nesta quarta-feira, 9, com o aumento do apetite por risco dos investidores internacionais. No cenário doméstico, os investidores mantêm no radar as indicações de que o governo pode subsidiar os combustíveis para evitar a disparada dos preços com a valorização do petróleo. O dólar encerrou com queda de 0,84%, a R$ 5,011 — a menor cotação desde 23 de fevereiro, véspera da invasão da Ucrânia. A divisa chegou a operar na mínima de R$ 4,985, enquanto a máxima não passou de R$ 5,011. O dólar fechou a véspera com recuo de 0,5%, cotado a R$ 5,053. Seguindo o clima de recuperação nos principais mercados globais, o Ibovespa, referência da Bolsa de Valores brasileira, encerrou com alta de 2,4%, aos 113.900 pontos. Este foi o maior salto diário desde 2 de dezembro. O pregão desta terça-feira, 8, fechou com recuo de 0,35%, aos 111.203 pontos.

Os mercados recuperaram parte das perdas registradas na véspera com as indicações de que o abastecimento de petróleo não deve sofrer grandes solavancos pelas sanções impostas à Rússia. Segundo agências internacionais, o Iraque informou que pode suprir o mercado norte-americano com a parte embargada de Moscou. A informação fez o preço da commodity despencar. O barril do tipo WTI, usado como base nos EUA, registrou queda de 11%, cotado na casa de US$ 110. O petróleo tipo Brent, referência no mercado global, caiu 12%, rondando os US$ 112. O barril, que também é usado como padrão pela Petrobras, encostou em US$ 140 no início da semana pelo temor de escassez. “Vale notar que estamos num período de muita volatilidade e estes movimentos são normais, logo não podemos garantir que será continuada essa queda nas matérias-primas”, afirmou o economista-chefe da Necton, André Perfeito.

O clima internacional também ficou menos pesado após indicações de mudança na ofensiva russa sobre a Ucrânia. A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, disse nesta quarta-feira que o intuito da “operação especial”— forma como os russos classificam a invasão — não é derrubar o governo de Volodymyr Zelensky, e sim fazer com que o país assuma uma posição de neutralidade. O discurso contraria a postura do presidente Vladimir Putin, que no início do conflitou chegou a pedir para que os militares ucranianos retirassem Zelensky do poder.

No cenário doméstico, o presidente Jair Bolsonaro (PL) convocou ministros para uma nova reunião para discutir medidas para evitar que a oscilação do petróleo impacte em reajustes nos combustíveis. Alas do governo defendem o congelamento temporário de reajustes da Petrobras para evitar o aumento acentuado em meio à volatilidade internacional. Auxiliares de Bolsonaro também sugeriram que o Executivo subsidie os combustíveis, por prazo limitado, até que haja maior claridade da duração do conflito no Leste Europeu. A possibilidade de acionar estado de calamidade ainda não foi descartada. Neste caso, o teto de gastos ficará suspenso e o governo poderá usar recursos extraordinários para compensar os reajustes.

  • BlueSky
  • Tags:

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.