Dólar recua com exterior positivo e subsídio a combustíveis no radar; Bolsa sobe
Mercados reagem com indicações de que sanções ao petróleo russo não levarão ao desabastecimento e pelas mudanças na postura do Kremlin na ofensiva contra a Ucrânia
Os principais indicadores do mercado financeiro brasileiro fecharam no campo positivo nesta quarta-feira, 9, com o aumento do apetite por risco dos investidores internacionais. No cenário doméstico, os investidores mantêm no radar as indicações de que o governo pode subsidiar os combustíveis para evitar a disparada dos preços com a valorização do petróleo. O dólar encerrou com queda de 0,84%, a R$ 5,011 — a menor cotação desde 23 de fevereiro, véspera da invasão da Ucrânia. A divisa chegou a operar na mínima de R$ 4,985, enquanto a máxima não passou de R$ 5,011. O dólar fechou a véspera com recuo de 0,5%, cotado a R$ 5,053. Seguindo o clima de recuperação nos principais mercados globais, o Ibovespa, referência da Bolsa de Valores brasileira, encerrou com alta de 2,4%, aos 113.900 pontos. Este foi o maior salto diário desde 2 de dezembro. O pregão desta terça-feira, 8, fechou com recuo de 0,35%, aos 111.203 pontos.
Os mercados recuperaram parte das perdas registradas na véspera com as indicações de que o abastecimento de petróleo não deve sofrer grandes solavancos pelas sanções impostas à Rússia. Segundo agências internacionais, o Iraque informou que pode suprir o mercado norte-americano com a parte embargada de Moscou. A informação fez o preço da commodity despencar. O barril do tipo WTI, usado como base nos EUA, registrou queda de 11%, cotado na casa de US$ 110. O petróleo tipo Brent, referência no mercado global, caiu 12%, rondando os US$ 112. O barril, que também é usado como padrão pela Petrobras, encostou em US$ 140 no início da semana pelo temor de escassez. “Vale notar que estamos num período de muita volatilidade e estes movimentos são normais, logo não podemos garantir que será continuada essa queda nas matérias-primas”, afirmou o economista-chefe da Necton, André Perfeito.
O clima internacional também ficou menos pesado após indicações de mudança na ofensiva russa sobre a Ucrânia. A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, disse nesta quarta-feira que o intuito da “operação especial”— forma como os russos classificam a invasão — não é derrubar o governo de Volodymyr Zelensky, e sim fazer com que o país assuma uma posição de neutralidade. O discurso contraria a postura do presidente Vladimir Putin, que no início do conflitou chegou a pedir para que os militares ucranianos retirassem Zelensky do poder.
No cenário doméstico, o presidente Jair Bolsonaro (PL) convocou ministros para uma nova reunião para discutir medidas para evitar que a oscilação do petróleo impacte em reajustes nos combustíveis. Alas do governo defendem o congelamento temporário de reajustes da Petrobras para evitar o aumento acentuado em meio à volatilidade internacional. Auxiliares de Bolsonaro também sugeriram que o Executivo subsidie os combustíveis, por prazo limitado, até que haja maior claridade da duração do conflito no Leste Europeu. A possibilidade de acionar estado de calamidade ainda não foi descartada. Neste caso, o teto de gastos ficará suspenso e o governo poderá usar recursos extraordinários para compensar os reajustes.
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