Dólar recua mesmo com o aumento da tensão internacional; Bolsa sobe

Alta dos juros pelo Banco Central e valorização de commodities dá fôlego para descolar cenário doméstico do temor global

  • Por Jovem Pan
  • 14/02/2022 13h19
PAULO VITOR/ESTADÃO CONTEÚDO notas de dólar Dólar apresentou queda nas últimas semanas; tendência é de desvalorização frente a moeda brasileira para os próximos meses

Os principais indicadores do mercado financeiro brasileiro operam no campo positivo nesta segunda-feira, 14, apesar do clima internacional carregado pelo aumento da tensão com sinais de possível invasão da Ucrânia por tropas da Rússia. Por volta das 13h15, o dólar registrava queda de 0,37%, cotado a R$ 5,223. O câmbio chegou a mínima de R$ 5,196, enquanto a máxima não passou de R$ 5,267. A última sessão da semana passada fechou com leve alta de 0,01%, a R$ 5,242. Ignorando a queda generalizada dos mercados nos Estados Unidos e na Europa, o Ibovespa, referência da Bolsa de Valores brasileira, operava com avanço de 0,28%, aos 113.881 pontos. O pregão de sexta-feira, 11, encerrou com pequeno avanço de 0,2%, aos 113.572.

As atenções de todo o mundo estão voltadas aos movimentos na fronteira da Ucrânia após o alerta de autoridades dos Estados Unidos de uma iminente invasão da Rússia. Apesar de o cenário de risco internacional favorecer ativos mais seguros, como o dólar, o ambiente doméstico com o aumento dos juros — o que atrai mais investidores para a renda fixa —, e o bom momento de commodities, dá fôlego para o mercado brasileiro. Os analistas revisaram novamente para cima a previsão para a inflação e passaram a ver os juros mais altos no país em 2022, segundo estimativas do Boletim Focus divulgadas nesta manhã. O mercado estima que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) suba a 5,5% ao fim deste ano. Já a Selic foi revista para 12,25%. No início do mês, o Comitê de Política Monetária (Copom) elevou os juros a 10,75% e sinalizou nova alta no encontro agendado para março.

Ainda na pauta doméstica, o humor dos mercados é pressionado pelo aumento do risco fiscal com a negociação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que busca frear o aumento dos combustíveis. A equipe econômica apoia que a medida seja restrita ao diesel, enquanto alas do Planalto defendem a extensão do benefício para a gasolina. Os embates geram temor aos investidores por indicarem aumento dos gastos públicos em meio ao processo eleitoral. Para analistas, o crescimento da desconfiança com as contas do governo pode levar ao avanço do dólar e neutralizar os benefícios propostos pela PEC.

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