Dólar recua para R$ 4,90 com commodities e pressão sobre juros no radar; Bolsa sobe
BC confirma novo acréscimo na Selic em maio e cita preocupação com inflação persistente; alta da taxa básica e disparada do barril de petróleo favorecem a entrada de investidores estrangeiros no Brasil
Os principais indicadores do mercado financeiro brasileiro operam no campo positivo nesta terça-feira, 22, com o cenário favorável para a entrada do fluxo estrangeiro após o Banco Central (BC) confirmar a manutenção da escalada dos juros em meio à inflação mais persistente do que o esperado. No cenário internacional, os preços das commodities seguem pressionados pelos sinais de combates mais intensos no Leste Europeu. Por volta das 11h25, o dólar registrava queda de 0,4%, cotado a R$ 4,925. O câmbio chegou a ser negociado na mínima de R$ 4,902, enquanto a máxima não passou de R$ 4,943. A divisa norte-americana fechou a véspera com queda de 1,4%, a R$ 4,945, na menor cotação em nove meses. Seguindo o clima positivo nos mercados internacionais, o Ibovespa, referência para a Bolsa de Valores brasileira, operava com alta de 1%, aos 117.352 pontos. O pregão desta segunda-feira, 21, fechou com avanço de 0,7%, aos 116.154 pontos.
O Comitê de Política Monetária (Copom) do BC mostrou preocupação com a pressão inflacionária originada do confronto entre Rússia e Ucrânia, e com os impactos secundários do choque de preços das commodities. “As leituras recentes vieram acima do esperado e a surpresa ocorreu tanto nos componentes mais voláteis como nos mais associados à inflação subjacente”, afirmou em ata divulgada nesta manhã para detalhar a subia dos juros de 10,75% para 11,75% ao ano, na semana passada. O colegiado afirmou que o conflito traz “mais incerteza e volatilidade” e recomenda que a “política monetária reaja aos impactos secundários” do choque de oferta em várias commodities. A autoridade monetária confirmou que deve fazer novo acréscimo de 1 ponto percentual no próximo encontro, entre os dias 3 e 4 de maio, elevando a Selic para 12,75% ao ano, e deixou aberta a possibilidade de ampliar o ciclo de alta de juros.
O aumento da taxa básica melhora o rendimento da renda fixa e torna o país mais atrativo para os investidores estrangeiros. A previsão do mercado é pela manutenção dessa alta dos juros, principalmente com a dose extra de pressão sobre a inflação trazida pelo conflito no Leste Europeu. Analistas revisaram para cima as expectativas para a inflação e a Selic em 2022 e 2023, segundo previsões do Boletim Focus publicadas nesta segunda-feira. A projeção para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) aumentou de 6,45% para 6,59% neste ano, e de 3,7% para 3,75% em 2023. Já a Selic passou a ser vista em 13% ao ano no fim de 2022, e em 9% no ano que vem.
Na pauta internacional, a cotação do barril de petróleo do tipo Brent é negociado ao redor de US$ 115, com queda de 0,9%, após registrar alta de até 8,5% na véspera. O preço da commodity segue pressionado pela falta de sinalização de cessar-fogo no Leste Europeu com a intensificação dos conflitos. A Rússia é o segundo maior produtor de petróleo no mundo, atrás apenas da Arábia Saudita. O avanço da guerra levou a uma série de sanções do Ocidente às exportações do país de Vladimir Putin. O temor dos analistas é que os embargos levem ao desabastecimento do mercado. Os investidores também aguardam pela fala do presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, que deve dar mais detalhes sobre a subida dos juros nos Estados Unidos em meio à maior pressão inflacionária nos últimos 40 anos. Na semana passada, a autoridade monetária subiu a taxa básica para 0,25% a 0,5%, o primeiro movimento para cima desde 2018.
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