Dólar sobe 4,09% e Bolsa cai 3,35% após discurso de Lula sobre gastos públicos e Mantega na equipe de transição

Mercado financeiro teve reação pessimista ao projeto de retirar o Bolsa Família do teto de gastos e à confirmação do ex-ministro da Fazenda na equipe de planejamento

  • Por Jovem Pan
  • 10/11/2022 18h14 - Atualizado em 10/11/2022 18h38
REUTERS/Amanda Perobelli Bolsa de valores B3 Reação do mercado indica preocupação com a responsabilidade fiscal do projetos do governo Lula

Em meio a discussões e decisões sobre o futuro do orçamento brasileiro, o mercado financeiro se mostrou pessimista com as propostas da equipe do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), nesta quinta-feira, 10. Após a confirmação do ex-ministro da Fazenda Guido Mantega como parte da equipe de transição e discurso de Lula sobre aumentar despesas para investir em programas sociais, o dólar apresentou alta de 4,09%, enquanto o Ibovespa sofreu baixa de 3,35%, com 109.775,46 pontos. Com isso, a moeda norte-americana terminou o dia sendo cotada a R$ 5,3968 reais, valor que representa a maior alta percentual diária desde 16 de março de 2020. A variação também é uma resposta à inflação dos Estados Unidos atingiu seu nível mais baixo desde janeiro de 2022, ficando em 7,7%, valor abaixo do esperado por analistas, segundo o consenso do Market Watch. Enquanto isso, a bolsa brasileira perdeu 3.804,63 pontos. “O mercado fica nervoso à toa. Eu nunca vi um mercado tão sensível como o nosso. É engraçado que esse mercado não ficou nervoso com quatro anos do Bolsonaro”, declarou Lula.

Em defesa das propostas do novo governo, o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) declarou que a adoção da chamada PEC da Transição não é incompatível com a responsabilidade fiscal. Para a equipe de Lula, o orçamento aprovado para 2023 não é suficiente para que o Estado cumpra suas responsabilidades com a população. E a proposta tem como objetivo incluir no novo orçamento público parte das promessas de campanha do Partido dos Trabalhadores, como a manutenção do valor de R$ 600 para o Bolsa Família à partir de janeiro, e excepcionalizar as medidas do atual teto de gastos. A previsão é que a medida gere um gasto adicional de R$ 200 bilhões aos cofres públicos. O valor seria necessário para a manutenção de programas sociais, políticas voltadas para o combate à pobreza e aumento de investimentos públicos, principalmente em infraestrutura. “Se alguém teve responsabilidade fiscal foi o governo Lula. Isso não é incompatível com a questão social. O que precisa é a economia crescer, esse é o fator relevante e aí é importante investimento, público e privado, recuperar planejamento e bons projetos. Essas oscilações de mercado nos dias de hoje tem inclusive questões externas, além da questão local”, ponderou Alckmin.

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