Dólar sobe a R$ 4,67 após propostas de novas sanções à Rússia; Bolsa cai

União Europeia discute levantar barreiras ao carvão da Rússia e banir navios do país em todos os seus portos; greve de servidores do BC e troca do comando na Petrobras também estão no radar

  • Por Jovem Pan
  • 05/04/2022 11h37 - Atualizado em 05/04/2022 11h46
Antara Foto/Hafidz Mubarak/via Reuters Mão segura diversas cédulas de dólar Dólar avança com pressão internacional em meio entraves da guerra no Leste Europeu

Os principais indicadores do mercado financeiro brasileiro operam no campo negativo nesta terça-feira, 5, com o clima de cautela no cenário internacional após a União Europeia propor novas sanções à compra do carvão da Rússia. O grupo também debate o fechamento de todos os portos dos 27 países membros para navios com bandeira russa. Na pauta doméstica, investidores acompanham as negociações para o fim da greve de servidores do Banco Central (BC) e a saída que o governo irá tomar para a sucessão do comando da Petrobras. Com este cenário, por volta das 11h25, o dólar registrava avanço de 1,26%, a R$ 4,666. O câmbio abriu em queda e chegou a tocar a mínima de R$ 4,584, enquanto a máxima não passou de R$ 4,670. A divisa norte-americana encerrou a véspera com queda de 1,27%, a R$ 4,608 — a menor cotação em mais de dois anos. Acompanhando o clima misto nos mercados globais, o Ibovespa, referência da Bolsa de Valores brasileira, operava com queda de 0,7%, aos 120.411 pontos. O pregão desta segunda-feira, 4, fechou com recuo de 0,24%, aos 121.279 pontos.

A Comissão Europeia propôs discutir novas sanções contra a Rússia após indícios de um massacre na cidade de Bucha, aos arredores de Kiev, onde dezenas de corpos foram encontrados largados nas ruas, alguns com as mãos amarradas. “Estamos trabalhando juntos, França e Alemanha, para definir este novo pacote (de sanções) que incluirá petróleo e carvão”, disse o ministro das Relações Exteriores da França, Jean-Yves Le Drian. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, falou que “é claramente necessário aumentar ainda mais a pressão” contra Moscou. Bruxelas também propõe aumentar as sanções bancárias existentes e proibir as exportações de materiais e componentes industriais cruciais para a Rússia, como semicondutores avançados, no valor de 10 bilhões de euros (US$ 11 bilhões).

A medida reforça o clima de cautela nos mercados globais. A Rússia é o segundo maior exportador de petróleo cru do mundo, atrás apenas da Arábia Saudita, e a interrupção da compra com uma possível escalada das tensões deve desestabilizar o abastecimento global. O barril de petróleo do tipo Brent, usado como referência na maior parte do mundo, operava com alta de 0,3%, aos US$ 107. Já o do tipo WTI, base do mercado dos Estados Unidos, subia 0,1%, aos US$ 103. O cenário também impacta nas Bolsas globais. O Stoxx 600, que reúne diversas empresas da Europa, registrava leve queda de 0,1%, enquanto o alemão DAX caía 0,9%. Nos EUA, todas as Bolsas operavam no vermelho, com destaque para o recuo de 1,3% da Nasdaq.

No cenário doméstico, os servidores do BC mantêm a paralisação iniciada na última sexta-feira, 1º, em meio à falta de entendimento nas negociações. Um novo encontro com membros do Ministério da Economia será realizado nesta manhã. A paralisação já afeta serviços da autarquia e divulgações foram suspensas até a sexta-feira, 8. Investidores também acompanham os desdobramentos para a nomeação do comando da Petrobras após o economista Adriano Pires recusar a nomeação por conflito de interesses. O seu nome havia sido indicado pelo governo federal na semana passada para substituir o general Joaquim Silva e Luna. O Executivo deve indicar uma nova pessoa, que ainda precisa ser aprovada pela Assembleia-Geral dos acionistas, que ocorrerá no dia 13 de abril.

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