Dólar sobe com inflação dos EUA e guerra na Ucrânia; Bolsa recua

Encontro para cessar-fogo no Leste Europeu encerrou sem consenso; no cenário local, investidores analisam impactos do reajuste dos combustíveis pela Petrobras

  • Por Jovem Pan
  • 10/03/2022 12h44 - Atualizado em 10/03/2022 12h45
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Gary Cameron/Reuters Cédula de dólar Dólar abriu sexta-feira em queda, mas inverteu o sinal após inflação acima do esperado

Os principais indicadores do mercado financeiro brasileiro operam no campo negativo nesta quinta-feira, 10, com investidores analisando a escalada da inflação nos Estados Unidos e a falta de consenso para um cessar-fogo no Leste Europeu após o fim do encontro entre russos e ucranianos. Por volta das 12h35, o dólar operava com alta de 0,9%, a R$ 5,056. A divisa chegou a bater a máxima de R$ 5,076, enquanto a mínima não passou de R$ 5,021. O câmbio encerrou a véspera com queda de 0,84%, a R$ 5,011 — a menor cotação desde 23 de fevereiro. Seguindo o clima negativo nos mercados da Europa e norte-americano, o Ibovespa, referência da Bolsa de Valores brasileira, recuava 1%, aos 112.678 pontos. O pregão desta quarta-feira, 9, fechou com alta de 2,4%, aos 113.900 pontos.

O índice de preços ao consumidor dos EUA (CPI, na sigla em inglês) foi a 7,9% em fevereiro, na comparação com o mesmo mês de 2021, o maior registro em 40 anos, segundo dados divulgados nesta manhã pelo Departamento do Trabalho. Puxado por combustíveis, alimentos e moradia, o indicador registrou alta de 0,8% no mês passado, acima das expectativas de 0,7% dos analistas. O conflito no Leste Europeu deve aumentar a pressão sobre a variação de preços em meio à disparada de commodities, principalmente as energéticas e agrícolas. O patamar alto da inflação reforça a necessidade de aumento de juros pelo Banco Central dos EUA, (Fed, a sigla em inglês), atualmente entre 0% e 0,25%. A alta da taxa impacta nos mercados, principalmente nos emergentes, com a transferência de recursos para o Tesouro norte-americano, considerado um dos ativos mais seguros do mundo.

Ainda no noticiário internacional, acabou sem acordo o encontro entre os ministros das Relações Exteriores da Ucrânia e da Rússia, realizado na Turquia, nesta quinta-feira. A indicação de mudanças na ofensiva de Moscou na véspera trouxe alívio aos mercados. A falta de consenso para o cessar-fogo, no entanto, volta a pressionar os humores com as incertezas dos rumos do conflito.

Na pauta doméstica, a Petrobras anunciou nesta manhã uma série de aumentos às distribuidoras. O preço do litro da gasolina subiu 18%, enquanto o diesel teve alta de 24% e o gás de cozinha de 16%. A mudança ocorre em meio às pressões sobre a estatal para reajustes com a disparada do barril de petróleo, negociado nesta manhã na casa de US$ 112. Desde 2016, a Petrobras adota o preço de paridade de importação (PPI), política que baseia o valor cobrado às distribuidoras domésticas de acordo com a variação do petróleo no mercado global e a cotação do dólar. O último reajuste pela Petrobras ocorreu no dia 12 de janeiro, quando o barril do tipo Brent estava cotado próximo de US$ 85.

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