Dólar sobe mais 0,72% e vai a R$ 3,8377, maior valor em mais de dois anos
O dólar teve novo dia de alta e subiu mais 0,72%, fechando em R$ 3,8377, o maior patamar em mais de dois anos, ou seja, desde 2 de março de 2016, quando bateu em R$ 3,89 em meio ao nervosismo antes do impeachment da presidente Dilma Rousseff. O quadro de elevada incerteza com a economia brasileira e as eleições presidenciais indefinidas fizeram o real se “descolar” de seus pares internacionais. O dólar perdeu valor ante as principais moedas de países emergentes, em dia de relativa calmaria lá fora, mas no mercado doméstico chegou a encostar nos R$ 3,85 pela manhã e há economistas, como os da consultoria Capital Economics e o grupo holandês ING, que veem maior risco da moeda norte-americana ir para além dos R$ 4,00, caso vença um candidato nas eleições não comprometidos com reformas.
Apesar do mercado mais nervoso pela manhã, a quarta-feira não teve leilões extras de swap do Banco Central, como ocorreu ontem Foram feitas as tradicionais ofertas de novos contratos, que já estavam programadas e injetaram US$ 750 milhões no mercado, e de rolagem (US$ 440 milhões). Estas ações ajudaram a reduzir um pouco a volatilidade da moeda e, segundo operadores, vendas de dólares por exportadores também contribuíram para a divisa perder fôlego e, na parte da tarde, a moeda ficou boa parte do tempo na casa dos R$ 3,82 para acelerar a alta para R$ 3,83 mais perto do fechamento, quando o volume de negócios já é bem menor
Para Durval Corrêa, operador da corretora Multimoney, sem uma atuação mais firme do BC, o dólar não deve mostrar arrefecimento O fato de a moeda seguir em alta mesmo após sucessivos leilões de swap, incluindo os dois extras de ontem, sinaliza que a intervenção no câmbio por esse instrumento pode ter chegado a um ponto de saturação. “A grande maioria do mercado já fez hedge”, disse ele. Com isso, abre-se espaço para a especulação, com os agentes forçando as cotações para ver quando e como o BC vai agir. Corrêa destaca que parte da alta do dólar tem sido puxada por investidores estrangeiros que estão deixando a Bolsa, por conta do aumento da incerteza local. “Temos um quadro de indefinição política, economia parada e problemas de governo”, afirma o operador.
Hoje, a consultoria Capital Economics divulgou relatório em que avalia que a política vai ditar cada vez mais o ritmo das cotações do dólar no Brasil. “O destino do real repousa agora nos desenvolvimentos políticos”, afirma o economista-chefe para mercados emergentes da Capital Economics, Neil Shearing. “Se as eleições de outubro entregarem um governo que não esteja disposto ou não possa lidar com as vulnerabilidades fiscais do Brasil, o real poderia ir para além de R$ 4,00.”
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