Dólar tem pregão volátil e renova máxima do ano ante o real

  • Por Estadão Conteúdo
  • 09/05/2018 21h12
Fernanda Carvalho/ Fotos Públicas No fechamento do pregão desta quarta-feira, a moeda subiu 0,82%, para R$ 3,5977, maior preço desde 31 de maio de 2016

O dia no câmbio nesta quarta-feira (9) no Brasil descolou do cenário externo. O dólar se enfraqueceu em relação à maior parte das moedas globais, mas continuou a mostrar alta volatilidade em relação ao real. No fechamento, a moeda subiu 0,82%, para R$ 3,5977, maior preço desde 31 de maio de 2016. Durante a sessão, chegou a sair a R$ 3,61 – oscilou entre a mínima de R$ 3,56 (-0,24%) à máxima de R$ 3,6101 (+1,17%). O giro à vista foi três vezes maior do que o de ontem, somou US$ 1,2 bilhão. Perto das 17h, o dólar para junho subia 0,80%, negociado a R$ 3,60 e este mercado movimentava US$ 20 bilhões.

Diante da cada vez mais alta volatilidade do câmbio, houve momentos no pregão em que os operadores nem se arriscaram a explicar a movimentação das cotações – falavam apenas em mau humor. O índice DXY ficou boa parte do dia em pequena queda, de 0,10%. Perto das 17h15, o dólar caía em relação ao rublo (-0,09%), ao rand (-0,13%). E subiu um pouco em relação ao peso chileno (+0,03%) e ao peso mexicano (+0,11%).

O câmbio está no centro do debate depois que o mercado, a partir da puxada de alta do dólar nas últimas semanas – muito ligada ao cenário externo de perspectiva de alta dos juros nos EUA e das tensões geopolíticas -, passou a especular que o Banco Central poderia rever decisão já bastante sinalizada de reduzir novamente os juros na reunião do Copom da próxima quarta-feira. As taxas mais curtas dos DIs mostravam redução nas apostas de corte.

O fato é que o impacto do câmbio nos juros está atraindo todas as atenções. Diversos economistas e especialistas apontaram razões para o BC mexer nos juros ou deixá-los como estão quase que numa ausência de consenso no mercado.

A Verde Asset Management, em carta a seus cotistas, foi enfática ao afirmar que a estratégia do Banco Central de reduzir os juros está por trás da forte alta do dólar nas últimas semanas. “O BC cortou o juro mais do que o esperado e em sua última reunião inclusive surpreendeu o mercado com uma sinalização de que poderia se estender nesse processo mais ainda. De certa maneira, foi o grão de areia que desestabilizou o castelo e provocou uma reação do mercado na direção da compra de dólar”. O texto refere-se ao fato de que esses cortes diminuíram o diferencial de taxas de juros brasileiras e americanas, o que barateou o custo do hedge e trouxe demanda extra para a moeda no Brasil. A expectativa dos gestores da Verde Asset é que as coisas se acalmem no mercado de câmbio, uma vez “que o próprio BC notou os riscos que está correndo e resolveu intervir”, aumentando a oferta de swap. “Devemos ver a moeda negociando numa faixa entre R$ 3,30 e R$ 3,60 daqui até agosto, quando o tema eleitoral passar a dominar”, de acordo com o relatório.

Para o economista da Mapfre, Luis Afonso Lima, a pressão no câmbio continua vindo das operações com o dólar futuro. “Vivemos um período longo de cotações mais estáveis e muitas empresas nem estavam fazendo o hedge porque não viam necessidade. Agora, com toda essa volatilidade e a queda nos custos de fazer essa operação, muitas das empresas estão já fazendo ou se planejando para fazer o hedge. Uma coisa vai alimentando a outra”, afirmou. É por essa demanda extra que o câmbio continua apreciando, apesar do fluxo fortemente positivo nos últimos meses. De acordo com dados do BC, o fluxo cambial em abril foi positivo em US$ 14,4 bilhões. De 30 de abril a 4 de maio, o fluxo foi positivo em R$ 1,6 bilhão, com saída de US$ 256 milhões no canal financeiro e ingresso de R$ 1,858 bilhão no comercial.

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