Famílias pobres foram as mais prejudicadas pela inflação em janeiro

Pesquisa do Ipea mostra que variação de preços para o grupo de baixa renda foi quase o dobro da registrada entre os mais ricos

  • Por Jovem Pan
  • 15/02/2022 15h22
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EDUARDO MATYSIAK/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO Mulher segura cesta em supermercado enquanto olha para prateleira Variação dos alimentos liderou alta da prévia do IPCA em março

As famílias mais pobres sofreram praticamente o dobro com a inflação de janeiro do que as com maior poder aquisitivo, apontou o levantamento divulgado nesta terça-feira, 15, pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). O grupo com renda muito baixa (menor que R$ 1.808,79/mês) registrou avanço de 0,63% na variação de preços, enquanto a classe de renda alta (maior que R$ 17.764,49/mês) teve crescimento de 0,34%. A pesquisa mostrou que, apesar de em menor intensidade do que no mês anterior, em janeiro todas as classes sociais sentiram o avanço da inflação. No acumulado de 12 meses, a maior variação foi registrada nas famílias com renda média-baixa (entre R$ 2.702,88 e R$ 4.506,47), que em janeiro somou avanço de 10,8%, um pouco superior à registrada pela faixa de renda muito baixa (10,5%) e acima da faixa de renda alta (9,6%).

O grupo de alimentos e bebidas foi o principal foco da inflação para todas as categorias, mas pesou especialmente mais para as famílias mais pobres, correspondendo a quase metade da inflação apurada em janeiro. O avanço foi puxado pelos alimentos in natura, como cenoura (27,6%), laranja (14,9%), banana (11,7%) e batata (9,7%), além das carnes (1,3%), do café (4,8%) e do óleo de soja (1,4%). Na outra ponta, houve queda no arroz (-2,7%), feijão (-3%) e aves e ovos (-0,8%). No acumulado de 12 meses, as famílias de menor renda sofreram mais com o grupo de habitação, impactado pelos reajustes de 27% das tarifas de energia elétrica e de 31,8% do gás de botijão. Para o segmento de renda mais alta, o foco em 12 meses está no grupo de transportes, refletindo, sobretudo, no aumento de 42,7% da gasolina e de 55% do etanol. Além da alta desses dois grupos, os alimentos no domicílio, em especial os reajustes de 10% das carnes, de 21,7% de aves e ovos, de 44% do açúcar e de 56,9% do café, também provocaram impactos altistas significativos sobre a inflação no período, principalmente para as camadas de renda mais baixa.

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