Fortuna dos bilionários cresceu 12% e riqueza dos mais pobres diminuiu 11% em 2018, aponta estudo
A fortuna dos bilionários no mundo aumentou 12% em 2018 (ou 2,5 bilhões de dólares por dia), ao passo que a metade mais pobre do planeta (3,8 bilhões de pessoas) viram sua riqueza reduzida em 11% ao longo do ano passado. É o que mostra relatório da Oxfam, divulgado nesta segunda-feira (21).
O levantamento Bem Público ou Riqueza Privada? aponta ainda que a riqueza está subtributada. Apenas 4 centavos em cada dólar de receita fiscal vêm de impostos sobre a riqueza. Segundo o estudo, se o 1% mais rico do mundo pagasse apenas 0,5% a mais de impostos sobre sua riqueza, seria possível educar todas as 262 milhões de crianças que estão fora da escola e fornecer serviços de saúde que salvariam as vidas de 3,3 milhões de pessoas.
“As políticas tributárias têm potencial não apenas para reduzir o fosso entre ricos e pobres, mas também para diminuir a desigualdade entre mulheres e
homens. No entanto, o atual sistema tributário global, por depender mais de impostos como o IVA (Imposto sobre Valor Agregado), está transferindo a
carga para os indivíduos e famílias mais pobres”, diz o estudo.
Além disso, em alguns países — como o Brasil e o Reino Unido — os 10% mais pobres pagam atualmente uma proporção maior de sua renda em
impostos do que os 10% mais ricos, aponta o levantamento. Como consequência, em países mais desiguais, a confiança é menor e a criminalidade, maior. Além disso, as sociedades desiguais são mais estressadas, menos felizes e têm saúde mental de pior qualidade.
Desigualdade entre homens e mulheres
A maior parte das pessoas mais ricas do mundo é do sexo masculino e, em termos globais, as mulheres ganham 23% menos que os homens, aponta a pesquisa da Oxfam. Segundo ela, os homens brancos solteiros que nasceram nos Estados Unidos possuem 100 vezes mais riqueza do que as mulheres hispânicas solteiras.
O estudo explica que ter menos riqueza significa que as mulheres dispõem de menos recursos para “enfrentar crises familiares, como problemas de saúde, principalmente porque elas têm responsabilidades desproporcionais com relação ao cuidado dos membros jovens, doentes e idosos da família”. “As mulheres têm menos poder de barganha e mais probabilidades de viver na pobreza durante a velhice”, diz o relatório.
Essa diferença é causada, de acordo com o levantamento, por uma série de desigualdades estruturais, como o fato de mulheres e meninas terem mais trabalho de cuidado não remunerado do que homens e meninos. “Como resultado, ao longo de suas vidas, as mulheres têm menos oportunidades que os homens de se dedicar ao trabalho remunerado, ganham menos e têm menos condições de investir em patrimônio. Quando fazem trabalho remunerado, muitas vezes ele é precário ou mal pago.”
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