Greve afeta supermercados e ameaça produção de veículos

  • Por Agência Brasil
  • 23/05/2018 18h32
Agência Brasil Homem escolhe alimento em prateleira Associação Brasileira de Supermercados (Abras) divulgou nota afirmando que já identifica falta de produtos em alguns estados

Diante da greve dos caminhoneiros, que chegou ao terceiro dia nesta quarta-feira (23), a Associação Brasileira de Supermercados (Abras) divulgou nota afirmando que já identifica falta de produtos em alguns estados.

“Mesmo com o esforço do setor de supermercados para garantir o perfeito abastecimento da população brasileira, identificamos que alguns estados já começaram a sofrer com o desabastecimento de alimentos, e que isso poderá se estender para todo o Brasil nos próximos dias, se algo não for feito”, diz a Abras.

No comunicado, o setor diz que procura “sensibilizar o governo federal para que uma solução seja tomada imediatamente”.

Outra entidade que também alerta para possíveis prejuízos é a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), que considera a situação preocupante e se permanecer, até o fim de semana, poderá levar à paralisação da produção de veículos.

“Muitas fábricas já pararam suas linhas de montagem e, se a greve dos caminhoneiros continuar até o fim de semana, é certo que todas as fábricas pararão. Com isso, teremos uma queda na produção, nas vendas e nas exportações de veículos, tendo como consequência impacto direto na balança comercial brasileira e na arrecadação de tributos”, afirmou o presidente da Anfavea, Antonio Megale, em nota.

Rio de Janeiro

Na Central de Abastecimento (Ceasa) do Rio de Janeiro, já é possível perceber a falta de alimentos, como batata e cenoura, segundo a chefe da Divisão Técnica da Ceasa, engenheira agrônoma Rosana Moreira. A central recebe muitos produtos de Minas Gerais e São Paulo. Até mesmo carregamentos de alimentos produzidos no estado, como tomate e pimentão, não estão chegando por causa dos bloqueios nas rodovias feitos pelos caminhoneiros, que protestam contra a alta do diesel.

A escassez já tem impactado nos preços. A saca de 50 quilos da batata, por exemplo, na semana passada era vendida a R$ 60 e nesta terça-feira (22) chegou a R$ 350.

Segundo a engenheira, nas quartas-feiras, a central costuma registrar movimento entre 200 e 300 caminhões descarregando. Em função da greve, das 22h de ontem (22) até as 5h de hoje (23), a entrada de carga caiu 70%. Ontem, o movimento já havia diminuído 50%. Até o meio da tarde de hoje, somente 75 caminhões carregados entraram na Ceasa.

Em nota, a Associação dos Supermercados do Estado do Rio de Janeiro (Asserj) informou que o maior reflexo é no abastecimento de itens perecíveis que precisam de reposição diária, como verduras e legumes. “Até o momento, o alimento mais afetado foi a batata; o valor aumentou em 200%”, diz.

Com a paralisação, fornecedores da indústria de laticínios e produtores de aves do estado está descartando a produção por não conseguirem escoar.

Segundo o vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), Sergio Duarte, empresas têm relatado prejuízos com a greve. Uma fabricante de batata palha, recebe o alimento in natura de Minas Gerais, perdeu toda a carga, avaliada em R$ 50 mil, porque a carreta com o alimento está presa desde segunda-feira (21) em bloqueio na cidade de Barbacena (MG). Outra companhia de Nova Friburgo, que trabalha com legumes e verduras, tem seis caminhões presos em bloqueios e também está descartando os produtos. Para Duarte, o cenário pode “provocar uma correria aos supermercados”.

Para a professora de economia da Faculdade Presbiteriana Mackenzie Rio, Michele Nunes, a tendência é que os preços subam nas prateleiras por causa da escassez dos produtos. “Quanto maior a extensão da greve, maior o impacto nos preços. Isso vai pesar bastante no bolso dos consumidores”, afirmou.

São Paulo

A Associação Paulista de Supermercados (Apas) informa que as paralisações já causam desabastecimento nos supermercados, em especial nos itens de frutas, legumes e verduras, que são perecíveis e de abastecimento diário. A entidade ressalta que também carnes e produtos industrializados, que levam proteínas no processo de fabricação, também estão com as entregas comprometidas pelos atrasos no reabastecimento. Em nota, a diretoria da Apas faz um apelo para que as negociações entre governo federal e caminhoneiros tenham resoluções imediatas para que a “população não sofra com a falta de produtos de necessidade básica”.

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