Havan deve reduzir investimentos no próximo ano e descarta IPO até 2023

Luciano Hang estima crescimento de 30% no próximo ano e diz que vai esperar os resultados das eleições para ‘não ser pego de calças curtas’; grupo deve fechar este ano com 168 unidades

  • Por Gabriel Bosa
  • 21/11/2021 07h10
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Divulgação/Havan Vista externa de uma unidade da Havan Rede varejista deve inaugurar 15 lojas em 2021 e fechar o ano com 168 unidades

Os impactos das turbulências políticas previstas para o ano eleitoral de 2022 devem levar ao corte de investimentos na Havan. Em meio à indefinição do cenário nacional e às incertezas sobre os rumos que o país vai tomar, o dono da rede varejista, Luciano Hang, afirma que prefere adotar um tom mais cauteloso para “não ser pego de calças curtas” no próximo ano. “Nós vamos reduzir o nosso crescimento e talvez reduzir um pouco os investimentos. Não por problemas econômicos, mas, principalmente, por problemas políticos”, afirmou o empresário em entrevista exclusiva ao site da Jovem Pan. A rede deve completar a construção de 15 lojas até dezembro e encerrar o ano com 168 unidades espalhadas por 17 Estados. Para 2022, o número de inaugurações deve diminuir para 12 empreendimentos. Neste ano, a empresa estima crescer 30% acima de 2020 — desempenho abaixo da média de crescimento na ordem de 50% dos anos pré-pandemia, e projeta um avanço semelhante em 2022. “Eu não quero investir em um país onde o governo não acredita nos seus empreendedores. Vou ficar de olho no ano que vem, e, se por um acaso der aquilo que esperamos, nós voltamos a acelerar nos moldes que vínhamos antes”, diz Hang.

Na primeira metade de 2021, o grupo Havan, que além das lojas também inclui fundos de investimento, holding imobiliária, postos de gasolina e pequenas centrais hidrelétricas, registrou lucro de R$ 437,2 milhões, mais de 90% acima do alcançado no mesmo período do ano passado. Notório apoiador do governo de Jair Bolsonaro (sem partido) e crítico ferrenho das legendas de esquerda, Hang diz que os números seriam melhores caso não fossem as medidas de isolamento social impostas por governadores e prefeitos em resposta à segunda onda da pandemia da Covid-19 no fim do primeiro trimestre. “Fizeram lockdowns que não precisavam e tentaram destruir a economia”, diz. Ele aponta as restrições como fator fundamental para a falta de insumos na indústria, o que levou ao desequilíbrio nas linhas de produção e contribuiu para a disparada da inflação. “O poder de compra do brasileiro diminuiu, e isso nós vamos notar nos próximos meses”, afirma.

O agravamento do cenário econômico levou o empresário a descartar a abertura de capital (IPO, na sigla em inglês) da Havan na Bolsa de Valores até 2023. O grupo chegou a ensaiar a venda de ações em dois momentos, em 2020 e 2021, mas em ambos o pessimismo com a economia levou à suspensão das negociações. Segundo Hang, o IPO nunca esteve nos planos da empresa e as tratativas somente ocorreram após a abordagem de instituições financeiras. Diante da queda do Ibovespa, índice de referência da Bolsa de Valores brasileira, desde o início do ano, o empresário diz que o recuo foi a decisão correta nas duas oportunidades. “Somos uma empresa capitalizada, não precisamos do mercado para continuar crescendo. E só iríamos para o IPO com venda de 10% das nossas ações para aumentar a velocidade de crescimento. Mas, como vimos que o tempo estava fechando, paramos e acertamos”, explica Hang. 

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