Inflação em fevereiro é a maior em sete anos e vai a 10,5% em 12 meses

Puxado por educação e alimentos, IPCA atinge 1% e afasta a taxa da meta perseguida pelo Banco Central

  • Por Jovem Pan
  • 11/03/2022 09h05 - Atualizado em 11/03/2022 09h50
LUIDGI CARVALHO/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO Pessoas na fila do supermercado Inflação vai a 1,01% em fevereiro, maior índice ao mês desde 2015

A inflação voltou a acelerar em fevereiro ao registrar alta de 1,01%, contra avanço de 0,54% em janeiro, segundo dados divulgados nesta sexta-feira, 11, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Foi o maior registro do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para o mês desde 2015, quando foi a 1,22%. O resultado fez o acumulado em 12 meses subir para 10,54%, acima do patamar de 10,38% observado no período encerrado em janeiro. É a maior taxa de 12 meses acumulados em fevereiro em 19 anos, quando registrou 15,85%. No ano, o IPCA soma alta de 1,56%. Em fevereiro de 2021, a variação havia sido de 0,86%. Os dados ainda não trazem os efeitos da guerra na Ucrânia na variação de preços. A inflação deve ser pressionada para cima em todo o mundo pela disparada das commodities, principalmente as energéticas e agrícolas.

O resultado afasta a inflação da meta de 3,5% perseguida pelo Banco Central (BC), com variação de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo, ou seja, entre 2% e 5%. Analistas do mercado não enxergam a possibilidade de a autoridade monetária deixar o IPCA abaixo do limite máximo. Previsão do Boletim Focus, que reúne a estimativa de mais de uma centena de instituições, aponta para a taxa a 5,65%. Caso isso ocorra, será o segundo ano consecutivo que a inflação estoura o teto da meta imposta pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Em 2021, a variação de preços foi a 10,06%, ante limite máximo de 5,25%.

Todos os itens pesquisados pelo IBGE tiveram alta, mas os principais impactos vieram das atividades de educação (5,61%) e de alimentação e bebidas (1,28%). No primeiro grupo, a alta foi puxada pelos reajustes típicos do início do ano letivo e reajustes de matrículas, enquanto os alimentos foram pressionados por excessos de chuvas e estiagens. Também registraram alta artigos de residência (1,76%), vestuário (0,88%), despesas pessoais (0,64%), habitação (0,54%), saúde e cuidados pessoais (0,47%), transportes (0,46%), e comunicação (0,29%). Já nos últimos 12 meses, o que mais pesou na alta da inflação foram os combustíveis, que acumulam avanço de 33,33%. Em fevereiro, no entanto, o item teve queda de 0,92%. No acumulado de 12 meses, a gasolina acumula avanço de 32,62% e o diesel, de 40,54%.

No esforço de trazer a inflação para a meta, o Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a taxa básica de juros de 9,25% para 10,75% ao ano em fevereiro. Foi o terceiro acréscimo seguido de 1,5 ponto percentual na Selic. O Banco Central deixou contratada nova alta no encontro da próxima semana, apesar de admitir desaceleração no aperto. O mercado financeiro estima que a Selic fique a 12,25% ao ano, mas a recente pressão com o conflito no Leste Europeu faz com que parte dos analistas enxerguem os juros encostando em 14% ao ano. A escalada dos juros prejudica as atividades econômicas pela taxa ser usada como base em financiamentos e empréstimos.

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