Mercado eleva expectativa e enxerga a inflação em 5,6% em 2022

Foi a sétima revisão seguida para cima; prévia do IPCA em fevereiro foi a maior em seis anos

  • Por Jovem Pan
  • 02/03/2022 17h08
ROBERTO GARDINALLI/FUTURA PRESS/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO Açougue Mercado revisa novamente a inflação para cima em 2022 e 2023

O mercado financeiro voltou a subir nesta quarta-feira, 2, a expectativa para a inflação em 2022 e 2023, segundo as previsões do Boletim Focus, a pesquisa semanal que o Banco Central (BC) faz com mais de uma centena de instituições. Os analistas passaram a ver o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) a 5,6% ao fim deste ano, acima da estimativa de 5,56% na semana passada. Foi a sétima semana seguida de mudança para cima. A revisão afasta o patamar da meta de 3,5% determinada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), com margem de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo, ou seja, entre 2% e 5%. A prévia da inflação registrou alta de 0,99% em fevereiro, o maior índice para o mês em seis anos. O resultado fez o acumulado em 12 meses subir para 10,76%, acima dos 10,2% registrados no período imediatamente anterior. Caso mantenha esse patamar, será o segundo ano seguido que o IPCA estoura o teto. Em 2021, o índice encerrou com alta de 10,06%, muito acima da meta de 3,75%, com variação permitida de 2,25% e 5,25%. As constantes mudanças nas previsões deste ano já contaminam as expectativas para 2023. No próximo ano, o mercado estima que o IPCA encerre com alta de 3,51%, levemente acima dos 3,5% previstos nas últimas semanas. Em 2023, a autoridade monetária deve perseguir a meta de 3,25%, com limites de 1,75% e 4,75%.

Apesar das mudanças na inflação, o mercado manteve a expectativa para a Selic em 12,25% ao ano no fim de 2022. O Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a taxa de juros a 10,75% na primeira reunião de 2022, em fevereiro, e contratou nova alta para o encontro agendado para o fim deste mês, apesar de admitir que deve reduzir o ritmo. Para 2023, os analistas do mercado mantiveram a projeção de Selic a 8% ao ano, o mesmo patamar das últimas 12 publicações do Boletim Focus. A escalada dos juros incide diretamente no desempenho da economia por desestimular a tomada de crédito e pesar sobre uma série de taxas de financiamento, como de imóveis e carros. O mercado segurou a projeção do Produto Interno Bruto (PIB) em 0,3% para este ano, enquanto em 2023 enxerga a economia com alta 1,5%. Os analistas também mantiveram a expectativa do dólar a R$ 5,50 ao fim deste ano. Para 2023, o câmbio está previsto para encerrar em R$ 5,31.

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