Mercado sobe previsão de inflação e câmbio no relatório Focus
Os economistas do mercado financeiro elevaram levemente a previsão para a inflação de 2018. O Relatório de Mercado Focus divulgado na manhã desta segunda-feira, 2, pelo Banco Central (BC), mostra que a mediana para o IPCA este ano foi de 4,00% para 4,03%. Há um mês, estava em 3,65%. Já a projeção para o índice em 2019 permaneceu em 4,10%. Quatro semanas atrás, estava em 4,01%.
O relatório Focus trouxe ainda a projeção para o IPCA em 2020, que seguiu em 4,00%. No caso de 2021, a expectativa permaneceu em 4,00%. Há quatro semanas, essas projeções eram de 4,00% para ambos os anos.
A projeção dos economistas para a inflação em 2018 está dentro da meta deste ano, cujo centro é de 4,5%, com margem de tolerância de 1,5 ponto porcentual (índice de 3,0% a 6,0%). Para 2019, a meta é de 4,25%, com margem de 1,5 ponto (de 2,75% a 5,75%). No caso de 2020, a meta é de 4,00%, com margem de 1,5 ponto (de 2,5% a 5,5%). Já a meta de 2021 é de 3,75%, com margem de 1,5 ponto (de 2,25% a 5,25%).
Entre as instituições que mais se aproximam do resultado efetivo do IPCA no médio prazo, denominadas Top 5, a mediana das projeções para 2018 no Focus foi de 3,84% para 3,83%. Para 2019, a estimativa do Top 5 seguiu em 4,00%. Quatro semanas atrás, as expectativas eram de 3,24% e 3,75%, respectivamente.
No caso de 2020, a mediana do IPCA no Top 5 permaneceu em 4,00%, ante 3,85% há um mês. A projeção para 2021 no Top 5 seguiu em 3,75%, ante 3,73% de quatro semanas atrás.
Em 21 de junho, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) de junho subiu 1,11%. No acumulado do ano até junho, o IPCA-15 subiu 2,35% e, em 12 meses, avançou 3,68%. Também com influência sobre as projeções de inflação do mercado, o dólar à vista acumula alta de 16,96% em 2018.
Os economistas do mercado financeiro consultados pelo Focus elevaram a previsão para a inflação em junho de 2018, de 1,11% para 1,15%. Um mês antes, o porcentual projetado estava em 0,40%
Para julho, a projeção passou de 0,34% para 0,35% e, para agosto, permaneceu em 0,12%. Há um mês, os porcentuais eram de 0,30% e 0,20%, respectivamente.
No Relatório Trimestral de Inflação (RTI), divulgado na semana passada, o BC informou que suas projeções de inflação no curto prazo são de 1,06% em junho, 0,27% em julho e 0,20% em agosto.
No Focus agora divulgado, a inflação suavizada para os próximos 12 meses foi de 4,22% para 4,02% de uma semana para outra – há um mês, estava em 4,38%.
A projeção mediana para o IPCA 2018 atualizada com base nos últimos 5 dias úteis passou de 4,04% para 4,16%, conforme o Relatório de Mercado Focus. No caso de 2019, ela permaneceu em 4,10%. Há um mês, essas projeções estavam em 3,75% e 4,06%, respectivamente.
Essas projeções do IPCA que consideram apenas os últimos 5 dias úteis são uma das novidades do novo formato do Focus. As projeções gerais do IPCA, que seguem fazendo parte do Focus, levam em conta os últimos 30 dias. Conforme o BC, a intenção de divulgar projeções com base nos últimos dias úteis tem como objetivo mostrar um retrato mais tempestivo do indicador de inflação.
Esta segunda-feira foi a primeira vez em que o relatório Focus trouxe projeções para todo o horizonte relevante do Banco Central, que abrange os anos de 2018, 2019, 2020 e 2021. A reformulação foi anunciada na última sexta-feira (29).
Preços administrados
O Relatório de Mercado Focus indicou nesta manhã manutenção na projeção para os preços administrados em 2018. A mediana das previsões do mercado financeiro para o indicador este ano seguiu indicando alta de 6,30%. Para 2019, a mediana seguiu com elevação de 4,50%. Há um mês, o mercado projetava aumento de 5,60% para os preços administrados neste ano e elevação de 4,50% no próximo ano.
As projeções atuais do BC para os preços administrados, no cenário de mercado, indicam elevações de 7,2% em 2018 e 4,6% em 2019. Estes porcentuais foram atualizados no último Relatório Trimestral de Inflação (RTI).
Outros índices
O relatório semanal do BC também mostrou que a mediana das projeções do IGP-M de 2018 passou de 7,18% para 7,67%. Há um mês, estava em 6,06%. No caso de 2019, o IGP-M projetado foi de 4,48% para 4,50%, ante 4,45% de quatro semanas antes.
Calculados pela Fundação Getulio Vargas (FGV), os Índices Gerais de Preços (IGPs) são bastante afetados pelo desempenho do câmbio e pelos produtos de atacado, em especial os agrícolas.
Câmbio
O relatório Focus mostrou mudanças no cenário para a moeda norte-americana em 2018. A mediana das expectativas para o câmbio no fim deste ano foi de R$ 3,65 para R$ 3,70 ante R$ 3,50 verificados há um mês.
Já para 2019, a projeção para o câmbio no fim do ano seguiu em R$ 3,60 ante R$ 3,50 de quatro pesquisas atrás, de acordo com a previsão dos economistas do mercado financeiro consultados pelo BC.
PIB
A expectativa de alta para o Produto Interno Bruto (PIB) este ano seguiu em 1,55%, conforme o Relatório Focus. Há quatro semanas, a estimativa era de crescimento de 2,18%. Para 2019, o mercado reduziu a previsão de alta do PIB de 2,60% para 2,50% ante 3,00% de quatro semanas atrás.
Na semana passada, o BC reduziu sua projeção para o PIB em 2018, de 2,6% para 1,6%. A instituição atribuiu a mudança na estimativa à frustração com a economia no início do ano. O Ministério da Fazenda mantém a projeção de 2,5% – porcentual que parece cada vez mais improvável, em função dos números recentes de atividade.
No relatório Focus agora divulgado, a projeção para a produção industrial de 2018 passou de alta de 3,50% para avanço de 3,17%. Há um mês, estava em 3,80%. No caso de 2019, a estimativa de crescimento da produção industrial foi de 3,20% para 3,10%, ante 3,50% verificados quatro semanas antes.
A pesquisa mostrou ainda que a projeção para o indicador que mede a relação entre a dívida líquida do setor público e o PIB para 2018 seguiu em 55,00%. Há um mês, estava no mesmo patamar. Para 2019, a expectativa permaneceu em 58,00%, ante 57,00% de um mês atrás.
O Focus trouxe ainda manutenção na projeção para a área fiscal em 2018. A relação entre o déficit primário e o Produto Interno Bruto este ano seguiu em 2,10%. No caso de 2019, permaneceu em 1,50%. Há um mês, os porcentuais estavam em 1,90% e 1,39%, respectivamente.
Já a relação entre déficit nominal e PIB em 2018 seguiu em 7,20%, conforme as projeções dos economistas do mercado financeiro. Para 2019, permaneceu em 6,80%. Há quatro semanas, estas relações estavam em 7,18% e 6,70%.
O resultado primário reflete o saldo entre receitas e despesas do governo, antes do pagamento dos juros da dívida pública. Já o resultado nominal reflete o saldo já após as despesas com juros
A partir de hoje, as projeções do mercado para o déficit primário e o déficit nominal passam a ser publicadas no Focus.
Balança comercial
Os economistas do mercado financeiro alteraram a projeção para a balança comercial em 2018 na pesquisa Focus. A estimativa de superávit comercial passou de US$ 57,31 bilhões para US$ 58,28 bilhões. Um mês atrás, a previsão estava em US$ 57,00 bilhões. Para 2019, a estimativa de superávit seguiu em US$ 49,70 bilhões, ante US$ 49,30 bilhões de um mês antes.
Na estimativa mais recente do BC, atualizada no Relatório Trimestral de Inflação (RTI), o saldo positivo de 2018 ficará em US$ 61,0 bilhões.
No caso da conta corrente, as previsões contidas no Focus para 2018 seguiram indicando déficit de US$ 20,00 bilhões ante US$ 23,50 bilhões de quatro semanas antes. Para 2019, a projeção de rombo foi de US$ 36,00 bilhões para US$ 35,95 bilhões. Um mês atrás, o rombo projetado para o próximo ano era de US$ 38,58 bilhões.
Para os analistas consultados semanalmente pelo BC, o ingresso de Investimento Direto no País (IDP) será mais do que suficiente para cobrir o resultado deficitário, tanto em 2018 quanto em 2019. A mediana das previsões para o IDP em 2018 passou de US$ 70,50 bilhões para US$ 70,00 bilhões ante US$ 75,00 bilhões de um mês atrás. Para 2019, a expectativa foi de US$ 78,30 bilhões para US$ 76,60 bilhões, ante US$ 80,00 bilhões de um mês antes.
O BC projeta déficit de US$ 11,5 bilhões em transações correntes em 2018 e IDP de US$ 70,0 bilhões.
Selic
Sob influência da ata do último encontro do Comitê de Política Monetária (Copom) e do Relatório Trimestral de Inflação (RTI), ambos divulgados na semana passada, os economistas do mercado financeiro mantiveram suas projeções para a Selic (a taxa básica de juros) para o fim de 2018 e de 2019.
O Relatório de Mercado Focus trouxe nesta segunda-feira, 2, que a mediana das previsões para a Selic este ano seguiu em 6,50% ao ano. Há um mês, estava no mesmo patamar. Já a projeção para a Selic em 2019 permaneceu em 8,00% ao ano, valor igual ao verificado há quatro semanas.
No caso de 2020, a projeção para a Selic seguiu em 8,00% e, para 2021, também permaneceu em 8,00%. Há um mês, os porcentuais projetados eram de 8,00% para ambos os anos.
Em 20 de junho, o Copom manteve a Selic no patamar de 6,50% ao ano. Na decisão, o colegiado não deu sinais de que vai manter a Selic neste nível nos próximos meses, ao contrário do que fez na reunião anterior, de maio. O Copom procurou ressaltar que as próximas decisões sobre juros dependerão da evolução da atividade, dos riscos para a inflação e das projeções para os índices de preços. Isso foi reiterado tanto na ata quanto no RTI da semana passada.
Para o grupo dos analistas consultados que mais acertam as projeções de médio prazo (Top 5), a mediana da taxa básica em 2018 seguiu em 6,50% ao ano, igual ao verificado um mês antes. No caso de 2019, a projeção do Top 5 para a Selic foi de 8,00% para 7,88% ante 8,00% de quatro semanas atrás. No caso de 2020, permaneceu em 9,00% e, para 2021, também em 9,00%. Há um mês, estavam em 8,00% para 2020 e 2021.
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