Mesmo com estresse no exterior, dólar tem dia calmo e fecha em R$ 3,74

  • Por Estadão Conteúdo
  • 19/06/2018 18h38 - Atualizado em 19/06/2018 18h39
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Fotos Públicas Dólar sobe após autoridade monetária dos EUA reafirmar compromisso com juros baixos Foi a primeira sessão sem leilões extraordinários de swap pelo Banco Central desde o último dia 5

A nova escalada da tensão comercial entre os Estados Unidos e a China sinalizava um dia de tensão para o dólar no mercado doméstico nesta terça-feira (19), mas o câmbio contrariou as expectativas iniciais e teve um pregão relativamente tranquilo. O dólar terminou a terça-feira aos R$ 3,7469, em alta de 0,16%. Foi a primeira sessão sem leilões extraordinários de swap pelo Banco Central desde o último dia 5. Especialistas em câmbio ressaltam que os investidores aguardam a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), que encerra sua reunião nesta quarta-feira, 20, e fizeram hoje uma pausa para avaliar a maciça injeção de recursos do BC, que no último mês, até ontem, colocou US$ 39 bilhões em swaps novos para tentar segurar o dólar.

A expectativa inicial era de nova disparada do dólar hoje no mercado doméstico, por conta do acirramento das tensões comerciais entre os Estados Unidos e a China. O presidente Donald Trump prometeu ontem à noite novas tarifas em mais de US$ 200 bilhões de produtos chineses e Pequim disse que iria retaliar, com os dirigentes chineses assumindo publicamente hoje pela primeira vez que estavam em “guerra comercial” com Washington. De fato, pela manhã, o dólar chegou a bater em R$ 3,78, mas perdeu força e chegou a cair para R$ 3,71. Na maior parte dos negócios pela tarde, a moeda norte-americana operou de lado, enquanto no exterior subiu ante a maioria dos emergentes. Em Nova York, as bolsas caíram.

“O mercado teve um dia de ressaca, avaliando as atuações do BC”, ressalta o gerente de câmbio da Treviso Corretora, Reginaldo Galhardo. Ele afirma que as incertezas eleitorais persistem, as mesas de operação aguardam as próximas pesquisas de intenção de voto e o cenário externo é desfavorável, mas o investidor hoje aqui deu uma parada. O volume de negócios foi melhor que ontem, mas seguiu abaixo da média das semanas anteriores. No dólar futuro, o giro era de US$ 14,6 bilhões por volta das 17h25, ante números acima de US$ 20 bilhões da semana passada. No mercado à vista, estava em US$ 923 milhões, ante média US$ 1,3 bilhão dos dias anteriores.

Essa calmaria, porém, pode não durar muito, ressalta Galhardo. “A tendência do dólar é de alta”, disse ele, destacando que a eleição segue no radar e vai ser difícil ver a moeda norte-americana voltar para a casa dos R$ 3,50, devendo ficar mais entre os R$ 3,70 a R$ 3,90 e com chance de encostar novamente em R$ 4,00.

Juros recuam com ajuste nas apostas para a Selic e atuações do Tesouro e BC

Os juros futuros fecharam a sessão em queda firme, tanto na ponta curta quanto na parte longa, descolando do clima negativo no exterior. Os negócios seguiram pautados pela reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que anuncia na quarta-feira, 20, sua decisão sobre a Selic, e por fatores técnicos, em função das atuações do Tesouro Nacional com leilões de títulos e do Banco Central na operação compromissada.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para julho de 2018, o próximo a vencer e que reflete as apostas para a decisão do Copom, fechou a 6,442%, de 6,468% no ajuste anterior, e a do DI para janeiro de 2019 encerrou a 7,030% (mínima), de 7,161% no ajuste anterior. A taxa do DI para janeiro de 2020 caiu de 8,80% para 8,56% e a do DI para janeiro de 2021, de 9,79% para 9,58%. A taxa do DI para janeiro de 2023 terminou a 11,04% (11,32% no ajuste de segunda-feira) e a do DI para janeiro de 2025, em 11,74% (ajuste a 12,03%).

Desde a segunda-feira, o mercado vem reduzindo a precificação de alta para a Selic, que dominava a curva a termo até a semana passada, e colocando mais fichas na chance de estabilidade. Na tarde desta terça, o mercado de DI apontava em torno de 30% de chance de aumento de 0,25 ponto porcentual na taxa atual de 6,50% e 70% de possibilidade de manutenção.

“Ficou claro que não tem sentido o BC subir juros, com a atividade fraca e a inflação controlada. O mercado está convergindo para o call dos economistas”, disse um gestor. Segundo ele, ainda, “o sinal do câmbio foi excelente para a curva de juros”.

Embora o dólar tenha passado a tarde de lado, o fato de o Banco Central não ter precisado entrar hoje com leilões de swap (dinheiro novo) para controlar foi considerado como positivo. Às 16h42, a moeda americana era cotada em R$ 3,7429 (+0,06%).

Na ponta longa, os profissionais destacam a atuação do Tesouro, com leilões de compra e venda de LTN, NTN-F e NTN-B. Nas operações desta terça, o Tesouro não aceitou propostas para venda, mas recomprou 275 mil NTN-F, 270 mil NTN-B e 1.249.070 LTN. Na compromissada de nove meses, o BC ofertava até R$ 10 bilhões em títulos, e tomou R$ 7,828 bilhões.

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