Na Bolsa, valor dos grupos de petróleo volta a crescer

  • 09/07/2018 08h03
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Fotos Públicas Geraldo Falcão/Fotos Públicas O valor de mercado dessas companhias despencou entre 2013 e 2015, antes mesmo de o preço do petróleo cair, à medida em que projetos tidos até então como promissores começaram a fracassar

Atento ao novo panorama do setor de petróleo e gás, o mercado financeiro já mudou o olhar para as companhias do segmento listadas na Bolsa. A Queiroz Galvão Exploração e Produção (QGEP), por exemplo, é hoje avaliada em R$ 4,2 bilhões – um aumento de 350% na comparação com setembro de 2016, quando o valor de mercado atingiu seu mais baixo patamar, R$ 933 milhões. A QGEP, porém, já foi muito mais valiosa: poucos meses após estrear na Bolsa, em 2011, seu valor de mercado alcançou R$ 6,6 bilhões.

A Petrorio também melhorou sua performance consideravelmente nos últimos dois anos. A companhia, que começou como HRT e se viu obrigada a mudar de nome no caminho, passou de R$ 52 milhões, em setembro de 2015, para R$ 875 milhões hoje. Como ocorreu com o valor da QGEP, o da Petrorio também ainda está longe do que o mercado lhe dava em 2010, quando a empresa abriu capital valendo R$ 5,7 bilhões. Quando essas empresas lançaram suas ações na Bolsa de Valores, o setor de petróleo atravessava uma enorme euforia com as perspectivas abertas pelo pré-sal.

Para André Hachem, especialista do setor de óleo e gás do Itaú BBA, o mercado está mais comedido agora. Hachem afirma que, anteriormente, houve uma grande euforia em torno do setor como um todo, em parte por causa das boas perspectivas do pré-sal. “O mercado dava o benefício da dúvida. Agora, está cauteloso.”

O valor de mercado dessas companhias despencou entre 2013 e 2015, antes mesmo de o preço do petróleo cair, à medida em que projetos tidos até então como promissores começaram a fracassar. Cinco anos atrás, a atual Petrorio anunciou que não havia encontrado petróleo, apenas gás, em duas de suas áreas de exploração – uma na bacia amazônica e outra na Namíbia.

Hoje, de acordo com uma fonte do mercado financeiro, que preferiu não ser identificada, a Petrorio é vista como uma empresa com grande controle de seus custos fixos e cuja produção deve crescer com o Campo de Polvo, na Bacia de Campos – único ativo de produção de petróleo no qual a companhia detém 100%. No primeiro trimestre deste ano, o campo produziu 6,1 mil barris de petróleo por dia, em média. No mesmo período do ano passado, havia sido 8,2 mil.

Com a conclusão da perfuração de um novo poço no local, porém, a estimativa é que esses números passem para 10 mil. Para efeitos de comparação, a Petrobrás produziu, no mesmo período, 2,7 milhões de barris de óleo e gás por dia.

Lava Jato

Apesar de ter 63% de suas ações nas mãos da Queiroz Galvão, cuja imagem ficou abalada pela Operação Lava Jato, a QGEP tem se saído bem dos escândalos de corrupção – não há acusações contra a empresa e o mercado parece estar levando isso em consideração

Um analista destacou que o excesso de caixa da empresa e a recuperação do preço do petróleo passaram a viabilizar o Campo de Atlanta, localizado em águas profundas da Bacia de Santos e no qual a QGEP tem 30% de participação. A produção no local começou em maio deste ano e a estimativa é que, dali, sejam extraídos 20 mil barris por dia.

No ano passado, a companhia vendeu sua fatia de 10% no bloco Carcará, também na Bacia de Santos, para a norueguesa Statoil, por US$ 379 milhões (R$ 1,462 bilhão, no câmbio de sexta-feira). O negócio, uma redução do plano de investimentos da petroleira no curto prazo, garantiu o aumento de caixa da companhia e um lucro de R$ 357 milhões em 2017, mais que o dobro do registrado no ano anterior. Excluindo a venda, o lucro seria de R$ 232 milhões, ainda 50% superior ao de 2016. Desde que se desfez do bloco, a QGEP registrou um aumento de 170% no preço de suas ações.

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