OIT: Reajuste salarial no mundo chega ao nível mais baixo em 10 anos

  • Por Jovem Pan
  • 27/11/2018 15h10
Joka Madruga/Estadão Conteúdo Moedas de um real em uma pequena torre e, ao redor delas, uma roda de notas de 50 reais Aumento real dos salários no Brasil em 2017 foi de 2,3%, segundo OIT

O aumento de salários no mundo inteiro ficou abaixo do período anterior à crise econômica que explodiu há uma década. Em 2017, houve o menor percentual de crescimento de remunerações desde 2008, segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT).

Estatísticas de 134 países apontam para um crescimento real de salários em 1,8% no ano passado em todo o mundo. Em 2016, o aumento foi de 2,4%. Apenas na América Latina, os valores subiram 0,7%, abaixo do registrado isoladamente no Brasil (alta de 2,3%).

Entre os países mais desenvolvidos, houve “quase” estagnação, com avanço de 0,4% nas remunerações em 2017. Nos países emergentes, a atuação econômica da China ajudou elevar o patamar em 4,3%, segundo a OIT. A desaceleração nos ajustes não tem relação com a produtividade, com a taxa de desemprego ou com o crescimento da economia.

“Os primeiros indicativos sugerem que o lento crescimento mundial dos salários continuará em 2018”, o diretor-geral da OIT, Guy Rider. Razões identificadas para esse fato são o aumento da concorrência global, a perda da capacidade de negociação coletiva por parte de trabalhadores e certa incerteza sobre o desempenho da economia que desalenta os aumentos nas empresas.

Remuneração por gênero

Os dados divulgados pela OIT na segunda-feira (27) também indicam que mulheres continuam ganhando 20% a menos que homens. Nos países ricos, essa diferença se acentua no alto da escala salarial, enquanto em regiões de média e baixa renda, na parte de baixo.

“A diferença de salário por gênero existe em todos os lugares, mas a magnitude varia consideravelmente de um país para outro”, disse Guy Ryder. “As disparidades por razões de gênero representam uma das maiores injustiças sociais da atualidade.”

Uma das causas identificadas pela OIT para essa diferença é que “a maternidade gera uma clara penalização para as mulheres, já que a diferença de remuneração aumenta quando as mulheres têm filhos”. Segundo Ryder, “por outro lado, para os homens há uma espécie de recompensa salarial por paternidade, ou seja, os homens com filhos tendem a ganhar mais do que aqueles sem filhos”.

Para reverter o efeito sancionador da maternidade, a OIT propõe que as mulheres tenham maior acesso a serviços de cuidado das crianças. “Quando há uma clara discriminação salarial são necessárias melhores medidas jurídicas. Dentro delas, a mais eficaz é a transparência, que haja disposições para que as empresas divulguem publicamente as próprias diferenças de salário.”

*Com informações da EFE

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