Mesmo com crise, brasileiros não desistiram de comprar veículos em 2020

Segundo pesquisa da Anfavea, 66% disseram querer comprar veículos para evitar o transporte público depois do fim da quarentena

  • Por Jovem Pan
  • 29/06/2020 17h14
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RENATO S. CERQUEIRA/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO carros no trânsito Brasileiros seguem com a intenção de comprar veículos em 2020

A maior parte das pessoas que pretendiam comprar automóveis em 2020 manteve o plano, apesar da pandemia da Covid-19 e da consequente crise econômica. Segundo pesquisa feita pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) em parceria com a Webmotors, plataforma de negociação de veículos, 89% dos consumidores que tinham a intenção de comprar um veículo em 2020 não desistiram, mesmo com as dificuldades trazidas pela crise.

O levantamento foi feito a partir de clientes da plataforma Webmotors. A amostra é de 1,6 mil desses usuários, a maioria homens (92%), com maior representação no Sudeste (65%), além de uma participação expressiva da Região Sul (16%).

Entre os que não vão mais comprar veículos, a incerteza financeira foi o principal fator que levou à decisão (57%). Também pesaram as condições de pagamento, para 34%, e o fato de o possível comprador conseguir vender o veículo que possui atualmente (18%).

Já entre os que ainda planejam comprar, 68% vão optar por um veículo usado, 16% querem um novo e 16% estão em dúvida entre um novo e um de segunda mão.

Motivos

A proteção individual durante a pandemia aparece como um dos possíveis fatores que podem impulsionar as vendas de carros. Entre os entrevistados que pretendem comprar um carro, 66% disseram querer evitar o transporte público depois do fim da quarentena. “Por um lado, é uma oportunidade para o transporte individual, como está acontecendo na China. Mas o Brasil tem alguns problemas”, enfatizou o presidente da Anfavea, Luiz Carlos Moraes.

“Nem todos, por uma questão econômica vão poder comprar um carro. E mesmo que pudessem, o sistema viário não suportaria essa demanda”, destacou.

Entre os que ainda pretendem comprar, 27% vão adiar a aquisição para os próximos seis meses. No entanto, alguns benefícios poderiam, segundo o estudo, fazer com que esses consumidores antecipassem o negócio. A maior razão para essa postergação é também a incerteza em relação à economia e ao emprego, mencionada por 45%. Pouco mais de um terço (37%) disse que precisa ver o veículo antes da compra e 33% quer melhores condições de pagamento.

Nesse grupo, 46% disseram que seriam estimulados se o carro usado que têm atualmente fosse mais valorizado na próxima aquisição, 42% gostariam de uma redução nos impostos e 39%, juros menores. “A pesquisa confirmou que as pessoas estão preocupadas com o desemprego, com as condições. A gente só conseguiria atrair essas pessoas se conseguisse ofertar algum benefício para a população”, analisou Moraes.

Em junho, as vendas de veículos ficaram em cerca de metade da média antes da pandemia, segundo o presidente da Anfavea. Em maio, as vendas de veículos tinham registrado queda de 74,7% em relação ao mesmo mês de 2019, com a comercialização de 62,2 mil unidades.

Para este ano, a estimativa da Anfavea é de uma retração de aproximadamente 40% no mercado. “É muito difícil falar quando vai voltar ao patamar normal”, admitiu o presidente da agência.

Se a previsão da entidade se confirmar, devem ser vendidos em 2020, 1,67 milhão de unidades, contra 2,78 milhões vendidas ao longo do ano passado. O número seria equivalente ao comercializado no ano de 2004.

*Com Agência Brasil

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