Presidente do Banco Central de Chicago critica reação do mercado financeiro após divulgação da taxa de juros

Expectativas do mercado divergem das projeções do Comitê Federal de Mercado Aberto

  • Por da Redação
  • 18/12/2023 12h47
Chip Somodevilla/Getty Images/AFP Austan Goolsbee, ex-presidente do Conselho de Consultores Econômicos do presidente Barack Obama, testemunha perante o Comitê Ecoômico Misto do Congresso no Capitólio Austan Goolsbee é o presidente do presidente do Federal Reserve de Chicago

O presidente do Federal Reserve (Fed) de Chicago, Austan Goolsbee, expressou sua crítica em relação à reação do mercado financeiro diante da ampliação da precificação de cortes de juros para 2024. Essa reação ocorreu após a decisão do Fed, o Banco Central dos Estados Unidos, de manter os juros inalterados na semana passada. Em entrevista à CNBC, Goolsbee ressaltou que a função do Banco Central é agir, enquanto a do mercado é reagir, e que não podem se basear nas expectativas do mercado para tomar suas decisões. Ele afirmou que o Fed continuará dependente de dados para suas ações.

Goolsbee destacou que há uma grande disparidade entre as expectativas de cortes de juros do mercado para 2024 e as projeções dos dirigentes do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC). De acordo com o gráfico de pontos divulgado pelo Fed, a maioria dos dirigentes espera que os juros fiquem entre 4,25% e 5% em 2024, enquanto o mercado prevê que as taxas chegarão ao final do próximo ano entre 3,75% e 4%, conforme a ferramenta de monitoramento do CME Group. O presidente do Fed de Chicago, que votou nas decisões do FOMC neste ano, também expressou sua confusão em relação à interpretação do mercado sobre os discursos do presidente do BC, Jerome Powell, e do presidente da distrital de Nova York, John Williams. Para Goolsbee, o Banco Central americano tem reforçado a mesma mensagem, sinalizando a manutenção dos juros em um nível restritivo por tempo suficiente para reduzir a inflação.

Goolsbee ressaltou que só será possível cortar os juros com sinais consistentes de queda da inflação, a fim de evitar erros do passado. Ele lembrou que, em anos anteriores, era necessário provocar uma recessão para controlar a inflação, mas que atualmente parece ser possível alcançar um pouso suave, com redução dos preços e um crescimento econômico forte. Diante desse cenário, o dirigente defende uma manutenção cuidadosa dos juros, com espaço para ajustar a política monetária de acordo com os dados ou novos choques macroeconômicos. Ele alertou que pousos suaves anteriores já foram abalados por choques externos.

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