Programa de recuperação de áreas degradadas na Amazônia ganha nova versão
Como evitar o avanço da agricultura sobre a Floresta Amazônica e, ao mesmo tempo, garantir a atividade agrícola com sustentabilidade nas áreas já ocupadas. Este foi o ponto de partida do Projeto de Recuperaç&ati…
Como evitar o avanço da agricultura sobre a Floresta Amazônica e, ao mesmo tempo, garantir a atividade agrícola com sustentabilidade nas áreas já ocupadas. Este foi o ponto de partida do Projeto de Recuperação de Áreas Degradas na Amazônia (Pradam), que começou em 2010 e agora vai dar lugar a um novo programa. O Programa Especial Pradam foi apresentado nesta sexta-feira (10) no Seminário de Balanço e Expectativas sobre a iniciativa, no auditório da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).
Resultado de parceria entre o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), o projeto usou levantamento feito entre 2004 e 2014 pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), chamado Terra Class, para mapear a região e identificar as áreas degradadas e, a partir daí, iniciar um trabalho de informação e capacitação dos agricultores.
Ao fazer o balanço dos sete anos do projeto, o coordenador nacional do Pradam, Elvison Nunes Ramos, disse que levar conhecimento tecnológico ao produtor rural da Amazônia era o primeiro passo para a mudança de paradigma na agricultura da região. “O agricultor precisa de orientação para produzir com sustentabilidade. Mas, para isso, ele precisa produzir de maneira rentáve,l sem ter que avançar sobre a floresta. E, com orientação técnica correta, ele pode triplicar a renda liquida. Ou seja, ele é o personagem principal da mudança” afirmou.
Elvison Ramos admitiu que hoje a assistência técnica na área rural, em todo o Brasil, e não apenas na Amazônia, está enfraquecida porque os estados estão sem recursos. E um dos pontos positivos do Pradam foi chamar a atenção para o problema. “Sem a segurança da assistência técnica, não há como sensibilizar o agricultor a trocar suas práticas antigas, aprendidas com os pais e com os avós, por novas tecnologias.
Mudando paradigmas
Nesse processo de capacitação, uma das parcerias mais importantes na Amazônia tem sido o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), ligado à CNA, que se incumbiu de levar aos produtores as tecnologias desenvolvidas pela Embrapa. Mauro Faria, assessor técnico do Senar, disse que foram mobilizados agrônomos, veterinários e uma equipe educacional de pedagogos, porque era preciso adequar a linguagem tecnológica, científica, à linguagem do produtor rural.
“Quando o produtor sentir que. usando as novas tecnologias, ele vai proteger o solo para novos plantios e não terá que desmatar mais adiante. Porque isso não trará mais nenhuma vantagem para ele”, afirmou Faria. De acordo com o assessor do Senar, isso vale tanto para o pequeno agricultor quanto para o agronegócio.
Do projeto para o programa
Para um projeto se tornar um programa, no entanto, é preciso dinheiro. Segundo o coordenador do Pradam, o orçamento do novo programa deve ficar entre US$ 20 milhões e US$ 30 milhões, e as fontes terão que ser grandes fundos de financiamento e bancos de investimentos internacionais. O Brasil, porém, já não tem mais acesso a esses grandes fundos, destinados preferencialmente a projetos de países pobres, porque já subiu de patamar socioeconômico, disse Elvisson Ramos. Ele informou que o Ministério da Agricultura vem buscando parcerias lá fora, e algumas já estão bem encaminhadas.
Parceira do Pradam desde o início, a FAO aposta no programa que substituirá o projeto. Gustavo Chianca, assessor da FAO no Brasil, citou o Fundo Verde do Clima como um eventual apoiador e vê com otimismo as chances de superar as dificuldades de financiamento: “O Brasil tem muita lição a dar ao mundo sobre sustentabilidade, sobre como produzir mais com menos”.
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