Projeção do FMI para PIB do Brasil em 2018 sobe de 1,9% para 2,3%

  • Por Estadão Conteúdo
  • 17/04/2018 10h59 - Atualizado em 17/04/2018 11h01
Creative Commons/Pixabay Uma pequena torre de moedas prateadas em cima de várias notas coloridas Em outubro, a instituição multilateral comunicou que esperava para o País uma expansão do PIB de 0,7% em 2017 e de 1,5% para este ano 

O Fundo Monetário Internacional (FMI) elevou sua projeção de crescimento para o Brasil em 2018, de 1,9% divulgada em janeiro, para 2,3%, e também elevou a estimativa para a alta do Produto Interno Bruto (PIB) em 2019, de 2,1% para 2,5%. Esses aumentos nas previsões ficaram entre os mais expressivos promovidos pelo Fundo, no relatório Perspectiva Econômica Mundial. Em outubro, a instituição multilateral comunicou que esperava para o País uma expansão do PIB de 0,7% em 2017 e de 1,5% para este ano.

De acordo com o FMI, o movimento de recuperação da economia brasileira continua, pois houve um crescimento de 1,0% no ano passado, depois de registrada profunda recessão em 2015 e 2016. Segundo o Fundo, no último trimestre de 2018, o PIB deve subir 3,1% na comparação com iguais meses de 2017, em termos anualizados, e deve aumentar 2,3% entre outubro e dezembro de 2019, em relação ao mesmo trimestre deste ano, também na mesma base de comparação.

Para 2018 e 2019, o Fundo espera que o avanço do Produto Interno Bruto será maior devido sobretudo ao ritmo mais forte do consumo privado e dos investimentos. “A expansão no médio prazo deve moderar para 2,2%, devido ao envelhecimento da população e produtividade estagnada”, apontou a instituição.

Na avaliação do FMI, alguns fatores colaboram para a retomada da economia do Brasil, como inflação baixa, redução dos juros pelo Banco Central e favoráveis condições financeiras, com reflexos de apreciação no câmbio registrada em meses recentes. O Fundo espera que o IPCA subirá 3,5% neste ano, abaixo dos 4,0% projetados em outubro pela instituição multilateral. Para 2019, a previsão é de que o indicador avançará 4,2%.

Segundo o Fundo, a inflação neste ano ficará abaixo da meta com o gradual fechamento do hiato do produto devido ao avanço moderado do PIB. “Para o médio prazo, é esperado que a inflação subirá, com núcleo da inflação mais firme e projeções de modesta alta de preços de commodities, mas continuará em patamares abaixo da média da última década”, destacou.

Segundo o FMI, um outro elemento que colaborou para controlar a alta do IPCA no Brasil foi a “melhora no arcabouço da política monetária”, o que ajudou a baixar as expectativas de inflação.

O FMI reduziu a projeção para o déficit de transações correntes do País para este ano como proporção do PIB, de 1,8% para 1,6%. Para 2019, a previsão é de um resultado negativo para este indicador de contas externas equivalente a 1,8% do Produto Interno Bruto.

Fiscal

Para o Fundo Monetário Internacional, a reforma da Previdência Social, que precisará de aprovação do Congresso, “continua uma prioridade” para assegurar que as despesas do governo ocorram dentro do previsto pelo teto de gastos e para “garantir sustentabilidade fiscal de longo prazo”.

Na avaliação do FMI, será relevante para complementar a estratégia de consolidação das contas públicas a melhora do resultado primário com o fortalecimento do nível de atividade, mas não detalhou quais os instrumentos que viabilizarão esse processo. Uma interpretação pode ser que o aumento do PIB elevará as receitas federais e com isso trará mais condições para reduzir o desequilíbrio entre receitas e despesas no Orçamento.

Em termos mais gerais, o FMI apontou que a incerteza política em alguns países eleva o risco de implementação de mudanças estruturais numa conjuntura de eleições que ocorrerão em breve, com destaque para o Brasil, Colômbia, Itália e México. “Fraca governança e corrupção em larga escala podem também minar a confiança e o apoio popular para reformas, o que pode prejudicar a expansão da atividade.”

O Fundo Monetário Internacional apontou que para o Brasil, a redução de tarifas e de barreiras não tarifárias para o comércio mundial ajudará a elevar a eficiência e produtividade da economia. Além disso, o programa do governo de obras em infraestrutura poderá auxiliar no avanço dos investimentos privados no setor.

O FMI também fez avaliações na área agrícola, ao apontar que as chuvas no Brasil trouxeram efeitos a plantações de milho, o que tem o potencial de gerar impactos nas receitas de agricultores. A instituição multilateral também apontou que a forte oferta de açúcar no País e em nações na Europa em 2018-2019 provavelmente deverá gerar superávit da oferta desta commodity por mais um ano

PIB mundial

O FMI ainda manteve suas projeções para o crescimento mundial realizadas em janeiro, nas quais apontava uma expansão de 3,9% para este ano e também de 3,9% para 2019, com base na continuação do impulso favorável que a economia global registra, sobretudo com “sentimento favorável de mercado, condições financeiras acomodatícias e repercussões domésticas e internacionais da política fiscal expansionista nos Estados Unidos”, como destaca o documento Perspectiva Econômica Mundial. A estimativa para o PIB global para este ano é maior que os 3,7% apresentados pela instituição multilateral em outubro.

O FMI apontou que a expansão global em 2017 atingiu 3,8% devido a vários fatores, entre eles uma notável retomada do comércio internacional, motivada pela recuperação de investimentos em economias avançadas, a continuidade de forte nível de atividade em países emergentes da Ásia, melhora do desempenho da demanda agregada em nações na Europa e sinais de retomada em diversos exportadores de commodities, com a alta parcial de preços desta categoria de produtos.

De acordo com o Fundo, o volume do comércio internacional de mercadorias e serviços deve subir 5,1% neste ano, marca superior aos 4,6% previstos em janeiro. Para 2019, o FMI prevê uma elevação deste indicador de 4,7%, acima dos 4,4% estimados no início deste ano.

EUA

O Fundo Monetário Internacional subiu as estimativas para o crescimento dos EUA neste ano, de 2,7%, feita em janeiro, para 2,9%, e elevou também em 0,2 ponto porcentual a estimativa para 2019, de 2,5% para 2,7%. “As revisões para cima refletem atividade mais forte do que o aguardado em 2017, demanda externa mais firme e o esperado impacto macroeconômico da reforma tributária de dezembro de 2017, particularmente em impostos menores para empresas e ajuda temporária a investimentos, o que deve estimular a atividade no curto prazo.”

Para o FMI, a reforma tributária nos EUA deve agregar ao PIB do país 1,2 ponto porcentual até 2020 em comparação a um cenário no qual tal mudança na estrutura de impostos do país não tivesse sido adotada.

China

Para a China, o FMI manteve as projeções feitas em janeiro de expansão do PIB de 6,6% neste ano e de 6,4% em 2019. A previsão para 2018 é ligeiramente maior do que a estimativa de alta de 6,5% realizada em outubro pela instituição multilateral, o que ocorreu em virtude da melhora da perspectiva da demanda externa.

Segundo o Fundo, no médio prazo, é esperado que a economia do país mantenha o processo de mudança dos seus principais vetores, de investimentos para consumo privado e da indústria para serviços e “é esperado que as dívidas não financeiras continuem subindo como proporção do PIB.”

Zona do Euro e Japão

O FMI destacou que o crescimento superior à tendência para a zona do euro e do Japão devem continuar no biênio 2018-2019.

O Fundo subiu a projeção de crescimento da zona do euro em 2018, de 2,2%, realizada em janeiro, para 2,4%, e foi mantida a previsão de alta de 2% para 2019, o que está baseado na força da demanda agregada, política monetária acomodatícia e evolução das compras internacionais de produtos fabricados na região. “É projetado crescimento de 1,4% no médio prazo na zona do euro devido à baixa produtividade, fracos esforços para realização de reformas e demografia desfavorável.”

No caso do Japão, o FMI não alterou suas estimativas de crescimento de 1,2% neste ano e de 0,9% em 2019 realizadas em janeiro. O Fundo elevou em 0,5 ponto porcentual sua projeção para o PIB de 2018 feita em outubro do ano passado em função de condições mais positivas para exportações, elevação de investimentos privados e Orçamento suplementar para 2018. Para o médio prazo, contudo, as perspectivas da expansão daquela nação continuam fracas, em grande medida devido à redução da força de trabalho.

Emergentes

Em relação aos mercados emergentes e economias em desenvolvimento, o FMI aponta que registrarão uma expansão de 4,9% neste ano, mesmo número previsto em janeiro, e exibirão um crescimento de 5,1% em 2019, pouco acima dos 5% estimados há três meses. Tais projeções estão baseadas na gradual recuperação de nações exportadoras de commodities, com a ajuda da retomada de algumas nações, como o Brasil.

Política monetária

De acordo com o FMI, suas projeções macroeconômicas, sobretudo para economias avançadas, assumem mais rápida normalização da política monetária nos EUA do que o estimado pelo Fundo em outubro, o que reflete “mais fortes demanda e pressão na inflação, com política fiscal mais expansionista” nos EUA.

Segundo o Fundo, os Fed Funds devem subir para perto de 2,5% no final de 2018 e ficar próximos de 3,5% no encerramento de 2019, mas devem declinar para uma taxa de longo prazo de equilíbrio pouco abaixo de 3% em 2022.

Na zona do euro e Japão, as previsões do FMI consideram que a política monetária mantenha a estratégia acomodatícia. “É projetado que a taxa de juros de curto prazo continuará negativa na zona do euro até meados de 2019 e perto de zero no Japão ao longo do horizonte de previsão de cinco anos.”

Na avaliação do FMI, apesar das perspectivas de curto prazo serem favoráveis para a economia mundial, é preciso destacar que há riscos para a manutenção deste cenário para anos à frente. Segundo o Fundo, como há ampla liquidez internacional, propiciada por juros bem baixos pelo mundo, num contexto de inflação pequena, há um potencial do surgimento de vulnerabilidades financeiras, que podem reduzir os fluxos de capitais, sobretudo para países emergentes. “Outros riscos incluem uma mudança na direção de políticas internas que prejudicarão o comércio internacional e a piora de tensões geopolíticas.”

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