Recrutamento digital pode ser alternativa para diminuir desalentados no País

  • Por Marina Ogawa
  • 24/08/2018 13h53 - Atualizado em 27/08/2018 11h14
Pixabay Homem sentado escrevendo em um caderno com um caderno aberto ao lado Seleções feitas de forma digital podem diminuir em até 80% o tempo de contratação

Uma boa faculdade, cursos, pós-graduação, histórico profissional e muito esforço. Nem tudo isso parece ser suficiente para alguém que estava no mercado de trabalho conseguir uma recolocação – ou até mesmo para quem acaba de ingressar neste “mundo” na atual crise em que vivemos.

Segundo os últimos dados divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), no segundo trimestre deste ano aumentou o número de brasileiros que simplesmente desistiram de procurar um trabalho.

A taxa do que é chamado de “desalento” chegou a 4,4%, a maior da série histórica, que foi iniciada em 2012. Assim, há no País 4,833 milhões de pessoas que gostariam de trabalhar, mas não procuraram emprego nos três meses avaliados.

Somado a isso, mais um recorde: o de brasileiros que buscam emprego por mais de dois anos. São, atualmente, 3,162 milhões de pessoas. Vale lembrar que a dificuldade para encontrar uma vaga leva as pessoas ao desalento.

Mas uma alternativa à taxa de desalentados no País pode ser o recrutamento digital. “As ferramentas online, digitais, devem ter grande potencial para ajudar e colaborar com essas pessoas que já desistiram de procurar empregos”, disse o sócio da Connekt, Celson Hupfer.

A Connekt, por exemplo, é uma plataforma digital que possibilita que a pessoa se candidate a uma vaga sem sair de casa.

As plataformas de recrutamento digital têm contribuições importantes. Algumas delas incluem marketing digital, que vai buscar o sujeito com suas competências e vai oferecer a ele uma oportunidade de trabalho. A medida que essa pessoa se interessar pela oferta, ela não precisa sair de casa. Não precisa gastar tempo e dinheiro com deslocamentos para fazer sua aplicação. Ela se aplica em uma dessas plataformas, faz toda sua jornada e em alguma delas termina com entrevista digital”, explicou Hupfer.

De forma mais moderna do que entregar currículos “de porta em porta”, uma plataforma como essa traz a possibilidade de ter um emprego quase que nas mãos do trabalhador. Na plataforma citada, por exemplo, bastam quatro informações: nome, CPF, telefone e e-mail. O restante é totalmente feito via plataforma.

Se a pessoa consegue ser aprovada, vai concorrer com uma ou duas pessoas e não 50. Na medida em que a pessoa entrar numa plataforma vai notar que tem muitas vagas e poderá se aplicar a várias delas em uma manhã, por exemplo”, destacou Celson Hupfer.

Benefício para candidato ou empresa?

A plataforma Connekt, por exemplo, é contratada por empresas e nada é cobrado do candidato, a não ser o envio de seu currículo. “A nossa receita vem das empresas e elas divulgam as vagas através da nossa plataforma. Temos muita vaga no varejo, na área de tecnologia, banco, serviços de forma geral, estágios, trainee, jovem aprendiz”, disse.

Com isso, o custo operacional de recrutamento e seleção tem uma redução de 90%, além de 70% de custos a menos com contratações erradas.

E ao mesmo tempo em que é menos custoso para a empresa, também o é para quem procura uma vaga de trabalho, já que seleções feitas de forma digital podem diminuir em até 80% o tempo de contratação.

Para fazer esse processo a pessoa não precisa sair de casa, gastar tempo e nem dinheiro com deslocamento, além de ser um processo democrático. Você apresenta suas competências e não ‘quem você é’, o que pode ajudar na redução de situações de preconceito, contratações discriminatórias, que ainda existem no mundo”, ressaltou o sócio da plataforma.

Os processos em plataforma digital podem entregar em menos de uma semana – após o anúncio da vaga – um número de candidatos aptos à empresa. “A partir do quinto dia útil, a empresa tem condição de fechar a vaga. Em um modelo tradicional, que passa por muitos processos, currículo físico, isso dificilmente se faz em menos de 20 a 25 dias. O recrutamento digital acelera em muito o processo tanto para empresa quanto para o candidato”, defendeu Hupfer.

Segundo ele, ainda é possível que uma pessoa se candidate a quantas vagas quiser, mas é claro que há um processo inteligente por trás disso. Além da garantia de que há alguém de fato analisando o seu currículo, a tecnologia pode colaborar ainda mais no que diz respeito à compatibilidade com a vaga.

Isso porque a plataforma, por exemplo, utiliza a inteligência artificial para reduzir a sensação que alguns candidatos têm de que se inscrevem em dezenas de vagas e são rejeitados.

A partir do uso da inteligência artificial a gente vai observar que o candidato se aplicou a uma vaga, mas não tem as características, competências e valores que combinam com a descrição desta. Mas com a inteligência artificial, você percebe que dentro do portfólio de vagas tem algumas que ele tem mais chance de ser aceito”, detalhou Hupfer.

Deste modo, a própria plataforma oferece uma outra vaga que tenha “combinação” melhor que aquela a qual a pessoa se candidatou. O exemplo claro dado pelo executivo é do recebimento de dois mil currículos para uma vaga. “Só posso escolher um. Então 1.999 vão receber um ‘não’. Se recebemos muitos ‘não’, fica complicado, então a alternativa que pretendemos é o uso da inteligência artificial para oferecer outras oportunidades para essa pessoa”.

Passado todo o processo, de forma totalmente digital, o candidato, em alguns casos, é submetido a uma entrevista digital. Ele recebe as perguntas e grava a resposta via celular, tablet ou pelo computador. “A gente sugere que o candidato se porte como se fosse entrevista presencial”, aconselhou.

Democrática, a plataforma pode até mesmo aproximar o anunciante do trabalhador que procura uma oportunidade, como lembrou Celson Hupfer. “Oferecemos vagas a todo o Brasil, mas existem algumas regiões que são remotas. Teve uma situação de uma vaga de uma comunidade no interior da Amazônia em que o cliente dizia que precisava divulgar as vagas dele na missa dominical ou no culto de determinado pastor, porque não tinha outra forma de chegar nas pessoas, e com uso desse processo, todos têm Facebook, a partir dele a gente começava a chegar melhor nessas pessoas. A vaga aparecia na timeline do Facebook”, finalizou.

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