Rio de Janeiro puxa resultado negativo do emprego e vagas no estado encolhem 12%

  • 27/01/2018 09h17
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Rafael Neddermeyer/Fotos Públicas Rafael Neddermeyer/Fotos Públicas Não fosse o saldo negativo do Rio, os dados nacionais poderiam ter ficado positivos

O mercado de trabalho formal brasileiro encerrou 2017 praticamente estável, com o fechamento de 20.832 vagas de emprego. O Estado do Rio, em grave crise fiscal, porém, destoou: registrou 92.192 vagas a menos. No acumulado de 2015 a 2017, quase um quinto do total de vagas fechadas em todo o País (2,882 milhões) foram perdidas no Rio (514 mil). Com isso, o contingente de empregos formais no Rio voltou ao nível de 2009, conforme levantamento da Federação das Indústrias do Rio (Firjan), feito a pedido do Estado.

Em relação ao período anterior à recessão, o total de vagas formais no Rio encolheu 12%. Não fosse o saldo negativo do Rio, os dados nacionais poderiam ter ficado positivos. No Brasil como um todo, assim como em São Paulo, o total de empregos formais recuou ao mesmo nível visto em 2011.

A Firjan avalia que a recessão não terminou no Rio. Estima que o Produto Interno Bruto (PIB) regional encolheu 1,1% em 2017, ante projeções de alta de 1,0% na média nacional. Segundo o economista-chefe da entidade, Guilherme Mercês, o Rio tem economia mais combalida por causa de um “binômio” – a forma como a recessão se deu no Estado e a crise fiscal. “No Rio, os setores mais fortes foram os que mais sofreram na crise: petróleo e gás, automotivo e construção civil”, disse.

Com 12 anos de trabalho na construção civil, Anderson Tavares dos Santos, de 33 anos, está sem emprego desde março passado. “Estou procurando e não estou achando”, disse Santos, que tem experiência nas áreas de compras e administração de obras.

A mulher dele, Priscila Souza Tavares, de 30 anos, segurou a renda da família com o salário de R$ 1,5 mil como assistente administrativa em unidades das Lojas Americanas e com bicos como manicure e recepcionista. Foi preciso cortar gastos, como a escola particular dos dois filhos, de 10 e 8 anos, que passaram para a rede pública de Magé, na região metropolitana, onde mora o casal. De março a outubro de 2017, a família morou na casa da mãe de Priscila.

Rombo

No lado fiscal do binômio, o Rio vai para o quarto ano seguido de rombo nas contas. O déficit de 2015 (R$ 4,3 bilhões) cresceu em 2016 (R$ 10,1 bilhões) e em 2017 (R$ 12 bilhões, segundo projeções da Secretaria de Estado de Fazenda). Para 2018, o Orçamento prevê rombo de R$ 10 bilhões, mesmo com o plano de recuperação fiscal firmado com a União.

O resultado são atrasos nos pagamentos de salários do funcionalismo e de fornecedores. Ao pagar o vencimento de dezembro a todos os 460 mil servidores ativos, inativos e pensionistas no décimo dia útil deste mês, o Estado pela primeira vez quitou os salários em dia desde a virada de 2015 para 2016. Mesmo assim, ainda deve R$ 1,1 bilhão a 167 mil servidores. A quantia é referente ao 13.º salário de 2017. O secretário de Fazenda, Gustavo Barbosa, mantém a expectativa de pagar em dia o vencimento de janeiro.

“No Rio, o grau de dependência do setor público é dos maiores do País”, afirmou Fábio Bentes, chefe interino da Divisão Econômica da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).

Tanto Bentes quanto Mercês esperam números melhores neste ano. Daniel Machado de Freitas também tem esperança. O gaúcho de 21 anos chegou ao Rio neste mês. “Onde tem mais pessoas, tem mais oportunidades”, disse o jovem.

O casal Anderson Tavares dos Santos e Priscila Souza Tavares acredita em tempos melhores. Ele se juntou a uma empresa de gestão de pequenas obras, para ganhar por comissão. Ela aposta no trabalho como vendedora autônoma de cosméticos para salões. “Estou vendo que já está dando certo.”

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