Saldo comercial brasileiro recua 33,1% no primeiro trimestre por pandemia
O saldo comercial brasileiro somou US$ 6,135 bilhões no primeiro trimestre, um recuo de 33,1% em comparação ao mesmo período do ano passado. Nesse período, as exportações caíram 3,7% e as importações, 2,6%. O subsecretário de Inteligência e Estatísticas de Comércio Exterior, Hélio Brandão, atribuiu o desempenho do período ao desaquecimento da economia mundial, agravado pela pandemia de coronavírus.
“Entendemos que eventuais impactos específicos da Covid-19 podem refletir principalmente em questões logísticas relacionadas ao fluxo das exportações”, afirmou ele.
Segundo Brandão, produtos como soja, petróleo e minério de ferro não sofreram impactos logísticos. “Em algum momento, exportadores relataram preocupação com falta de contêineres para embarcarem seus produtos. Mas não tivemos confirmação de que isso ocorreu”, completou.
De janeiro a março, houve queda nas exportações de produtos da indústria da transformação (-9,8%), enquanto a agropecuária (+1,5%) e a extrativa (+9,5%) apresentam crescimento. Destaque para alta nas vendas de soja (+8,9%), enquanto houve queda (-515,1%) no milho.
Na indústria, os recuos mais significativos são de celulose (-32,1%), aeronaves (-22%) e veículos automotores (-16,1%).
Corrente de comércio
A corrente de comércio brasileira recuou 0,8% no primeiro trimestre, somando US$ 94,1 bilhões. O comércio exterior sofre os primeiros efeitos da pandemia mundial de coronavírus: as exportações caíram 3,7% e as importações 1,9% no período.
De janeiro a março, a balança comercial teve saldo positivo de US$ 6,1 bilhões. Nesse período, a quantidade de bens exportados aumentou 1,9%, mas o preço caiu na mesma proporção. “O trimestre foi influenciado por comércio mundial pouco dinâmico, agravado por Covid-19”.
No trimestre, as exportações brasileiras para a China cresceram 4,3%, com alta nas vendas de carne bovina, suína, minério de ferro, soja e algodão. Em março, no entanto, houve recuo nas vendas para a China (-3,2%) e para Estados Unidos, União Europeia e Argentina. “A queda provavelmente é decorrente dos desdobramentos da pandemia mundial”, complementou Brandão.
Ele ressaltou que uma queda brusca na demanda por produtos brasileiros pode demorar meses para se refletir nos dados das exportações. “Parte das mercadorias exportadas possuem contratos de fornecimento de longa duração. Além disso, as exportações são contabilizadas na saída da mercadoria do território nacional, e podem demorar 30 dias para chegar ao mercado de destino”, completou.
O subsecretário destacou o crescimento das exportações brasileiras para Cingapura, que apresentou o maior crescimento entre os destinos das vendas brasileiras, principalmente de combustíveis. “É provável que parte das exportações para outros mercados tenha sido redirecionada a Cingapura, devido a problemas logísticos decorrentes dos desdobramentos da Covid-19”, disse.
*Com Estadão Conteúdo
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