S&P reafirma rating do Brasil em BB-, com perspectiva estável

  • Por Estadão Conteúdo
  • 09/08/2018 21h22
Reprodução FOTO: Reprodução Iniciativas políticas pós-eleição e a capacidade de formular "fortes coalizões" serão vitais para a nota de crédito brasileira, disse a agência
A agência de classificação de risco S&P Global Ratings reafirmou a nota de crédito em moeda estrangeira do Brasil em BB- e manteve a perspectiva estável.

Em comunicado divulgado nesta quinta-feira (9), a S&P apontou que, após as eleições gerais no País, tanto o futuro presidente quanto o Congresso “enfrentarão um cenário fiscal desafiador e a necessidade de implementar uma legislação significativa para corrigir a derrapagem fiscal estrutural e aumentar a dívida para reverter uma fraqueza dos ratings”. De acordo com a agência, o atraso no avanço das medidas fiscais corretivas até o momento e a incerteza com a questão política “pesam sobre a credibilidade soberana do Brasil”.

Apesar disso, a agência manteve a perspectiva estável ao apontar que o perfil externo comparativamente sólido do Brasil e a flexibilidade e credibilidade da política monetária e cambial do país “ajudaram a ancorar o rating de longo prazo em BB-“. A S&P diz, ainda, que vê um crescimento lento e fraquezas fiscais como as principais restrições de crédito. “A economia diversificada saiu de uma forte contração de vários anos, mas esperamos que o crescimento permaneça abaixo de seus pares. Os altos déficits do governo persistem, com a dívida prevista para continuar a subir até 2021”, afirma a agência.

“Apesar dos esforços do governo Temer, a falta de progresso e de apoio substancial em toda a classe política brasileira para medidas de correção fiscal mais fortes e mais rápidas exacerbaram as vulnerabilidades fiscais subjacentes do Brasil”, aponta a agência. Para ela, isso representa um cenário “desafiador” para o próximo presidente e para o próximo Congresso. A S&P diz ter um cenário base de progresso nessa questão, “mas não necessariamente uma resposta robusta e rápida após as eleições, dados os riscos sobre a capacidade do novo presidente de formar uma coalizão coesa”.

A agência acredita que o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil crescerá 1,6% em 2018, “um pouco menos que o esperado anteriormente”. Entre 2019 e 2021, a S&P estima um crescimento em média de 2,3% e diz que as perspectivas de expansão da economia brasileira foram e continuarão a ser inferiores às de outros países em um estágio similar de desenvolvimento. Além disso, a S&P espera que a dívida do governo geral aumente de 57% do PIB em 2016 para 72% em 2021.

Além disso, a agência afirma que a inflação deve acelerar um pouco neste e no próximo ano, mas ressalta que os índices de preços permanecerão dentro das metas estabelecidas nesse período.

S&P: melhora depende do próximo governo

Após reafirmar o rating do Brasil em BB-, com perspectiva estável, a agência de classificação de risco S&P Global Ratings afirmou que pode elevar a nota de crédito do País se o próximo governo implementar um ajuste fiscal “sólido”, mas acrescentou que um rebaixamento também é possível, na hipótese de surgir uma “fraqueza imprevista” no balanço de pagamentos, que contabiliza as transações comerciais com outras nações.

“A perspectiva estável reflete nossa visão de que há uma probabilidade menor que 33% de que possamos elevar ou rebaixar o rating do Brasil ao longo do próximo ano”, escreveu a agência em comunicado sobre a decisão.

Para a S&P, prospectos políticos “incertos” para o pós-eleição pesam sobre a nota de crédito soberana brasileira. “A falta de progresso e de apoio substancial na classe política do Brasil por medidas de correção fiscal mais fortes e mais ágeis desde a contração econômica multifacetada exacerbou as vulnerabilidades fiscais subjacentes do Brasil”, avalia. “Isso apresenta um cenário desafiador para o próximo presidente e Congresso do País ”

Na nota, a agência pontua ainda que iniciativas políticas pós-eleição e a capacidade de formular “fortes coalizões” serão vitais para a nota de crédito brasileira.

No entanto, analisa a S&P, o desencanto do eleitorado com a classe política destaca o potencial para surpresas eleitorais e, com elas, incertezas políticas. “Até agora, as dinâmicas eleitorais permanecem muito fluidas”, acrescenta, em referência à ausência de um cenário claro nas pesquisas.

Entram nessa seara as investigações em curso de suspeitas de corrupção que recaem sobre “indivíduos e empresas de alto escalão tanto no setor privado quanto no público e ao longo de partidos políticos”. “As instituições do Brasil se mantiveram sólidas em meio a investigações independentes e ações judiciais subsequentes voltadas para práticas corruptas”, afirma a S&P. “Isso reflete força institucional, em contraste com alguns pares” do País.

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