Tensão com cenário externo leva dólar a R$ 3,5685, maior cotação em 2018
A sessão começou com muita expectativa em relação à decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de abandonar o acordo nuclear com o Irã _depois de muita especulação nos mercados, o anúncio oficial saiu por volta das 15h15 – e não mais afetou os ativos por aqui. O dólar já havia abandonado a tendência forte de alta praticamente duas horas antes, pouco depois das 13h, quando foi divulgado que a Argentina negocia uma linha de apoio financeiro com FMI.
Bruno Foresti, gerente de câmbio do Ourinvest, lembra que a tendência para o dólar é de valorização em relação ao real, e as incertezas do cenário alimentam a alta volatilidade dos negócios “O cenário geopolítico é muito nebuloso, com a guerra comercial, hoje a saída dos EUA do acordo nuclear com o Irã, a expectativa de mais elevações dos juros americanos. Isso leva ao fortalecimento do dólar em relação a outras moedas”, afirmou.
Foresti observa que nos leilões de swap cambial do BC os contratos para agosto têm saído a taxas ao redor do 2,8%; já para novembro e janeiro de 2019, elas sobem para perto de 3,2% e 3,3%, respectivamente. “Isso mostra que o mercado está enxergando mais risco para o período pós-eleição”, afirma o gerente da Ourinvest. Ele acredita que o Banco Central age corretamente ao não fazer uma intervenção no mercado spot. “Não há problema de liquidez, prova disso é o fluxo francamente positivo em abril. Se nem com esse fluxo nem com o aumento de oferta de swaps o dólar se acomodou, está claro que a moeda americana está se apreciando por questões estruturais”, avalia.
Também já é visível na curva dos juros futuros que o mercado está revendo suas expectativas em relação à queda da Selic na próxima reunião do Copom – antes 70% das apostas eram que ela cairia, agora esse porcentual já estaria mais para 50%. “O cenário mudou muito nos últimos dias, principalmente em relação ao câmbio. Se o corte não vier, não pegará o mercado mais de surpresa”, afirmou.
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