Tributação sobre renda no Brasil é mais baixa do que em outros países, diz Rachid
O secretário da Receita Federal, Jorge Rachid, defendeu nesta terça-feira, 12, o aumento da tributação sobre a renda e a redução de impostos sobre a produção. Em audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado para discutir reforma tributária, Rachid disse ainda que o limite para que empresas se encaixem no Simples Nacional, hoje em R$ 4,8 milhões, é muito alto.
Ele lembrou que a tributação sobre a renda no Brasil é mais baixa do que em outros países e que há muitas distorções na legislação brasileira que acabam fazendo com que alguns grupos paguem menos impostos sobre a renda do que outros. “Os diferentes regimes acabam gerando um comportamento de proteção. Isso não pode existir, temos que igualar”, afirmou.
Rachid disse que o aumento na tributação sobre a renda tem que ser feito de forma equilibrada, acompanhado com a redução dos tributos sobre a produção. O secretário citou dados prévios que mostram que a carga tributária brasileira ficou em 32,45% do PIB em 2017, alta de 0,14% ante 2016. “Temos que debater constantemente o tamanho da carga tributária que queremos”, completou.
Na audiência, Rachid defendeu a simplificação do PIS/Cofins, que vem sendo estudada pelo governo, e disse que essa legislação é complexa e é preciso reduzir o nível de litígios. “A reforma tributária não é um grande evento, é um processo. Muitas ações de simplificação podem ser feitas por lei ordinária”, afirmou.
Sem especificar o período, ele lembrou ainda o aumento do custo das renúncias tributárias de 2% para 4% do PIB nos últimos anos e disse que incentivos e benefícios fiscais geram distorções no sistema e concentram ainda mais a renda. “A renúncia fiscal deve ser exceção,e, não, a regra”, acrescentou. O secretário também criticou o uso constante de parcelamentos tributários, como o Refis, que acabam gerando uma “concorrência desleal”.
Debate
A audiência na CAE foi convocada para debater o projeto “Reforma Tributária Solidária”, elaborado pela Associação Nacional dos Auditores da Receita Federal (Anfip) e pela Federação Nacional do Fisco Estadual e Distrital (Fenafisco). O coordenador técnico do projeto, Eduardo Fagnani, apresentou dados que mostram que o Brasil tributa em 21% a renda enquanto a média dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) é de 34%.
“A simplificação tributária é necessária, mas é insuficiente. Não enfrenta a questão mais crucial da tributação brasileira que é a regressividade. A maior parte dos impostos brasileiros é sobre o consumo, que incide mais sobre camadas de menor renda”, afirmou.
O gerente-executivo de Políticas Econômicas da Confederação Nacional da Indústria(CNI), Flávio Castelo Branco, também ressaltou a falta de isonomia na tributação brasileira e disse que a confederação defende um sistema tributário mais eficiente e que torne a produção mais competitiva.
Ele apontou problemas como a oneração das exportações e dos investimentos e a tributação na de bens na origem. Entre as propostas da CNI para a reforma tributária estão adoção do imposto seletivo no consumo, o recolhimento centralizado por empresa do ICMS e a ampliação dos prazos de recolhimentos dos tributos indiretos federal e estadual.
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