Economias latino-americanas não podem cometer erros, alerta Banco Mundial
Teresa Bouza.
Washington, 9 abr (EFE).- As economias latino-americanas já não têm vento a favor e ainda precisam lidar com “nuvens negras” no horizonte que as deixam com “zero margem de erro”, disse nesta quarta-feira o Banco Mundial (BM) em seu relatório semestral sobre a região.
O novo cenário obedece, fundamentalmente, à mudança na política monetária americana e às incertezas sobre o processo de desaceleração econômica na China e seu potencial impacto nos preços das matérias-primas, destacou o BM.
“Os mercados emergentes em geral e a América Latina e o Caribe em particular sofreram um golpe por causa desse (novo) cenário”, disse o BM, que realiza nesta semana em Washington sua reunião conjunta com o Fundo Monetário Internacional (FMI).
O estudo divulgado hoje destaca que o crescimento nos países emergentes experimenta “uma desaceleração bastante generalizada” de cerca de três pontos percentuais em comparação com os níveis após a crise de 2008 e 2009.
Essa tendência é especialmente acusada na América Latina e no Caribe, que crescerão apenas 2,3% neste ano, segundo o Banco Mundial, um dado inferior aos 2,5% antecipados ontem pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e muito abaixo dos 5% dos anos de bonança.
Além disso, e devido ao atual contexto global, o crescimento na região enfrenta riscos adicionais em baixa.
“Embora não estejamos em meio à tempestade, estão se acumulando nuvens negras no horizonte”, diz o relatório.
Apesar desse novo ambiente, o economista-chefe do BM para a América Latina, Augusto de la Torre, ressaltou hoje que a região está melhor municiada para fazer frente a impactos externos do que no passado. Segundo ele, isso se deve a agora os países da região dependerem menos dos voláteis fluxos de capital e do crédito de bancos internacionais e mais do investimento direto e das remessas como ferramentas de financiamento, o que permite que a América Latina seja uma credora, e não devedora.
Mesmo assim, o relatório insiste que “o complexo ambiente externo” faz com que ganhem maior relevância as políticas domésticas e exige “zero margem de erro”.
“As feridas auto-infligidas de políticas errôneas podem ocorrer e seriam mais custosas no atual cenário, já que amplificariam os efeitos dos choques externos”, indicou o BM.
O estudo chama a atenção, contudo, sobre a “hetereogeneidade” da região, na qual convivem situações como as de Venezuela (onde, segundo o BM, é esperada para este ano uma contração de 1%), Panamá (que tem previsão de alta de 7%) e Peru (alta de 5,5%). Chile e Colômbia também continuam superando a média regional, com crescimentos esperados acima de 3,5%.
Enquanto isso, Brasil e México, as duas maiores economias regionais, têm cenários diferentes. No México, espera-se uma alta de cerca de 3%, alimentada pelas reformas econômicas, enquanto no Brasil o consenso aponta para um crescimento de 2% ou inferior.
De la Torre elogiou hoje as reformas em andamento no México, qualificando-as como “impressionantes”, e previu que seus efeitos positivos vão se concretizar em 2015.
“É preciso ter um pouco de paciência. Temos otimismo que em 2015 vamos ver a materialização dos resultados positivos dessas reformas”, disse o economista. EFE
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