Editorial do “New York Times” defende legalização da maconha nos EUA

  • Por Agencia EFE
  • 27/07/2014 21h23

Nova York, 27 jul (EFE).- O jornal “The New York Times” defendeu neste domingo legalizar a maconha em nível federal nos Estados Unidos e deixar que cada estado decida para quais usos permiti-la.

“O governo federal deveria revogar a proibição da maconha”, defendeu o veículo em um editorial com que abriu uma série de artigos sobre a substância em resposta ao crescente número de estados que reformaram suas leis sobre ela.

O “Times”, que afirma que só definiu sua postura após muitos debates entre os membros do conselho editorial, destaca os “danos” que o veto da maconha causou na sociedade para “proibir uma substância muito menos perigosa que o álcool”.

“Não há respostas perfeitas para as preocupações legítimas sobre o uso da maconha. Mas também não há para o tabaco e o álcool e achamos que em todos os níveis – efeitos sobre a saúde, impacto na sociedade e assuntos de lei e ordem – a balança pesa claramente para o lado da legalização nacional”, diz o texto.

Segundo o jornal, a legalização federal deixaria nas mãos dos estados permitir a produção e o uso da substância com fins terapêuticos ou recreativos.

Hoje por hoje, vários estados já optaram por dar sinal verde à maconha, à qual o governo não se opôs, mas a planta continua sendo ilegal sob as leis federais.

No total, 35 estados e o Distrito de Columbia permitem alguma forma de consumo de maconha com fins terapêuticos, enquanto vários descriminalizaram a posse de pequenas quantidades e dois – Colorado e Washington – foram mais longe e autorizam totalmente seu uso recreativo.

Manter a situação atual deixaria os cidadãos dependendo de quem estiver na Casa Branca e de que o presidente decida ou não aplicar as normas federais, segundo “The New York Times”.

O editorial lembra os graves “custos sociais” das leis contra a maconha e aponta que em 2012 houve 658 mil detenções por posse da substância no país, frente a 256 mil por cocaína, heroína e seus derivados.

“Pior ainda, o resultado é racista, afetando de forma desproporcional os jovens negros, arruinando suas vidas e criando novas gerações de criminosos de carreira”, opina.

Em relação aos efeitos sobre a saúde, o veículo lembra que apesar do debate da comunidade científica, há provas de que a dependência é menor que com o álcool e o cigarro e que o uso moderado da maconha “parece não representar um risco para os adultos saudáveis”.

O editorial considera “legítimas” as preocupações sobre os efeitos da substância no desenvolvimento do cérebro dos adolescentes, por isso defende proibir a venda aos menores de 21 anos – idade em que se permite a compra de álcool no país. EFE

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