Egito antecipa eleições presidenciais sem deixar violência para trás

  • Por Agencia EFE
  • 26/01/2014 18h48

Cairo, 26 jan (EFE).- O presidente interino do Egito, Adly Mansour, anunciou neste domingo que as eleições presidenciais serão realizadas antes das legislativas, ao contrário do que estava previsto, sem que o país deixe para trás a violência que no sábado deixou 49 mortos no aniversário da revolução da Primavera Árabe.

O presidente fez um discurso pela TV para justificar sua decisão, que modifica a declaração constitucional emitida após o golpe militar que depôs em julho o islamita Mohammed Mursi na qual se previa que primeiro aconteceriam as eleições parlamentares e depois as presidenciais.

Mansur assinalou que deu instruções à Comissão Eleitoral Suprema para iniciar os preparativos e abrir a inscrição dos candidatos ao pleito.

Embora não tenha definido as datas concretas do calendário eleitoral, um decreto presidencial divulgado hoje estipula que essa comissão deverá preparar as presidenciais entre 30 e 90 dias depois de 18 de janeiro, quando entrou em vigor a nova Constituição, aprovada em referendo.

Partindo desses cálculos, a primeira eleição pode acontecer entre fevereiro e abril.

Até lá, continua a expectativa de o atual chefe do exército egípcio, general Abdel Fatah al Sisi se candidatar.

A televisão egípcia divulgou imagens em que o também ministro da Defesa, considerado o “homem forte” do país, aparecia dando pêsames aos parentes dos cinco militares mortos na véspera na queda de um helicóptero no norte da convulsa Península do Sinai, ação reivindicada como ataque do grupo extremista Ansar Beit al Maqdis (seguidores da casa de Jerusalém), pelo menos três soldados morreram hoje e outros 11 ficaram feridos por um ataque armado contra o ônibus militar no qual viajavam no Sinai.

Também morreram quatro supostos extremistas enquanto manipulavam uma bomba que explodiu em Sheikh Zawed, junto à Faixa de Gaza, onde o exército abateu um terrorista, deteve outros nove e destruiu túneis em uma operação.

Com o aumento dos atos terroristas, o líder interino advertiu que tomará “medidas excepcionais e extraordinárias” para restaurar a segurança se a situação exigir.

Sem dar mais detalhes sobre essas possíveis ações, Mansour ordenou que sejam habilitados tribunais adicionais para acelerar os processos dos acusados por terrorismo.

E pediu à promotoria que revise os casos dos milhares de presos nos últimos meses, especialmente dos estudantes detidos nas universidades, para que sejam libertados os que não tiverem participado de atos criminosos.

“A História demonstrou que o Egito já derrotou o terrorismo na década de anos 90, e agora voltaremos a batalhar por ela sem misericórdia nem compaixão”, disse.

Mansour reiterou que utilizarão todos os meios para combater o terrorismo, em alusão indireta à Irmandade Muçulmana, declarada em dezembro “grupo terrorista” pelo governo.

Partidários e críticos da Irmandade voltaram a se enfrentar nas ruas, e ao mesmo tempo houve agressões contra jornalistas egípcios e estrangeiros.

O novo surto de violência matou 49 pessoas e deixou outras 247 feridas, segundo os últimos números oficiais, ofuscano assim o terceiro aniversário da explosão da revolta que levou à queda de Hosni Mubarak (1981-2011).

A icônica praça Tahrir, no Cairo, permaneceu hoje blindada por alambrados, veículos militares e soldados das forças da ordem, que ontem só permitiram o acesso aos simpatizantes do exército.EFE

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