Egito celebra 3º dia de eleição em meio a polêmica pela extensão de prazo
Cairo, 28 mai (EFE).- Os egípcios que ainda não votaram poderão ir às urnas pelo terceiro dia consecutivo, nesta quarta-feira depois de um movimento polêmico e sem precedentes da Comissão Eleitoral decidir estender a votação por causa da baixa participação.
O pleito, transformado em referendo sobre o ex-chefe do exército, Abdul Fatah al Sisi, seria realizada em apenas dois dias, na segunda e na terça-feira, e segundo a Comissão a participação foi de apenas 37%.
A baixa participação está relacionada ao boicote de parte da população, como os simpatizantes da Irmandade Muçulmana e alguns grupos revolucionários, diante da previsível vitória de Sisi.
No entanto, a ampliação do prazo de votação foi rejeitada tanto pela campanha do ex-chefe do exército como por seu único rival, o esquerdista Hamdin Sabahi.
A Comissão Suprema Eleitoral ressaltou que o objetivo é “dar a oportunidade de votar aos egípcios que moram longe de seus centros de votação e aos que não puderam fazê-lo pela onda de calor” no país.
Estes motivos não convenceram a equipe de Sabahi, que afirmou que existem “pressões fortes e claras de diferentes partes” e que a mudança no calendário lança “muitas dúvidas sobre a integridade do processo”.
A campanha de Sabahi decidiu retirar seus delegados dos centros de votação no dia de hoje, embora o candidato a princípio continue participando da disputa.
Os meios de comunicação estatais conclamam a participação em massa, inclusive com acusações de “traidores” contra os abstencionistas, e na imprensa se fez referência ao que parece ser as autoridades mendigando votos.
O primeiro-ministro, Ibrahim Mehleb, ameaçou aplicar com rigor a multa de 500 libras egípcias (cerca de US$ 120) estipulada por lei aos que boicotarem o processo.
A Aliança para a Defesa da Legitimidade, liderada pela Irmandade Muçulmana, disse que a pouca participação representa “um castigo popular e um boicote ao governo golpista militar e a todas suas práticas de injustiça e corrupção”.
No segundo turno das eleições presidenciais passadas, realizadas em junho de 2012, a participação foi de 51,85% dos quase 51 milhões de egípcios aptos a votar, que deram a vitória ao agora deposto Mohammed Mursi.EFE
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