Egito se prepara para grande inauguração do novo Canal de Suez

  • Por Agencia EFE
  • 05/08/2015 11h17

Imane Rachidi.

Cairo, 5 ago (EFE).- Moedas e carimbos comemorativos, faixas em pontes e avenidas, programas de TV e até conversas em cafés lembram nestes dias em todo Egito que na próxima quinta-feira será inaugurado o novo trecho do Canal de Suez, símbolo de orgulho nacional e o “presente do Egito ao mundo”.

O faraônico projeto com o qual o presidente Abdul Fatah al Sisi quer reforçar sua liderança está onipresente e sua pretensão é que seja lembrado nos livros de História e na mente de seu povo como a grande aposta de sua legislatura.

A frase “O novo Canal de Suez: do Egito para o mundo inteiro” está grafada em 21 mil moedas de uma libra egípcia (o equivalente a R$ 0,44) impressas em ouro, que serão entregues aos importantes convidados que estiverem na cerimônia de inauguração do projeto.

Os novos carimbos de vistos de entrada ao país também apresentam o ícone de um navio cruzando o canal e um número que indica a contagem regressiva dos dias que faltam para a inauguração.

E não só os selos; os próprios telões instalados nos aeroportos egípcios lembram o visitante de conhecer o Canal de Suez, que reduzirá as horas de espera das embarcações que transitam diariamente por esta rota entre os mares Vermelho e o Mediterrâneo.

O Ministério de Antiguidades do Egito, por sua vez, organizou diferentes eventos nas vésperas do grande dia. Exposições de fotografias e peças arqueológicas que repassam a história do canal estão abertas ao público nos museus de Ismailiya, Suez e Cairo.

Além disso, o governo financiará esta grandiosa cerimônia com doações públicas e contribuições de empresas responsáveis pela escavação do novo canal, para – como declarou o chefe da Autoridade do Canal, Mohab Mamish – evitar qualquer carga no orçamento estatal. A agenda inclui diferentes atividades em terra, mar e ar.

Os caças Rafale, que o governo do Cairo acaba de adquirir dos franceses, sobrevoarão o canal, e outros aviões acompanharão a performance desenhando a bandeira egípcia, que está presente em todas as esquinas do país.

Em terra: música, espetáculos, discursos, comida e bebida para os convidados e esbanjamento de alegria e orgulho estão previstos para o dia da inauguração, que Al Sisi quer que seja recordado por todo o mundo e ao longo dos séculos.

Está programada também uma grande cobertura jornalística, da imprensa nacional e internacional, na cerimônia, da qual participarão chefes de Estado, autoridades locais e um número limitado de sortudos selecionados por um sorteio.

Trata-se de um evento tão importante para o Egito que o fez deixar de lado suas tensões diplomáticas com a Turquia e o Catar – países que defenderam a Irmandade Muçulmana após o golpe militar de 3 de julho de 2013 – e convidar seus chefes de Estado à inauguração do Canal.

Outro convidado de honra será o último rei do Egito, Ahmed Fuad al Fuad II, que herdou o trono aos seis meses de idade, quando seu pai abdicou após a revolução de 1952 dos chamados Oficiais Livres, e cujo “reinado” feito do exílio durou apenas um ano, devido à instauração da república.

Perante este evento, as autoridades elevaram o nível de alerta ao máximo em todo o país e desdobraram 220 mil policiais e soldados para vigiar a segurança às vésperas do dia 6 de agosto, declarado feriado nacional.

Os egípcios estão esperançosos em que esta aposta consiga ajudar combater a alta taxa de desemprego que o país registra e reforce a moeda local, afetada pelo desastre do turismo e a fuga de investimento estrangeiro nos últimos anos de agitação, desde a Primavera Árabe, em 2011. EFE

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