El Niño continua se desenvolvendo e marcará temporada tranquila no Atlântico

  • Por Agencia EFE
  • 11/07/2014 15h34
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Miami, 11 jul (EFE).- O fenômeno do El Niño, que inibe a formação de furacões no Atlântico e causa intensas chuvas na América do Sul, está se desenvolvendo no Pacífico de acordo com as previsões e apresenta “ventos muito fortes nas camadas altas” da atmosfera na Bacia do Atlântico, disse nesta sexta-feira um meteorologista.

“O El Ninõ está se desenvolvendo no Pacífico e está quase maduro”, disse à Agência Efe Todd Kimberlain, meteorologista do Centro Nacional de Furacões (NHC) dos Estados Unidos, que disse que este fenômeno permanecerá ativo durante toda a temporada de furacões, que começou em 1 de junho e terminará em 30 de novembro.

O cientista e especialista do NHC, com sede em Miami, explicou que os efeitos do El Niño na Bacia do Atlântico foram constatados já com a presença não só de “ventos cortantes e poderosos nas camadas altas e meias”, mas com uma “maior estabilidade nos trópicos”.

Por isso se prevê uma “temporada ciclônica reduzida no Atlântico”, especialmente no sul da Bacia e em águas do Caribe, o que não significa, esclareceu Kimberlain, a total inibição de tempestades e furacões.

“Esperamos a formação de ciclones tropicais, mas mais ao norte do Atlântico”, já que ao sul as condições meteorológicas vão ser “muito hostis” à formação de furacões, disse o especialista.

As previsões divulgadas pela Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera dos EUA (NOAA) em maio apontam que a Bacia do Atlântico enfrentará uma temporada de furacões que pode se transformar na mais tranquila em 30 anos, devido ao desenvolvimento do fenômeno do El Niño no Pacífico.

A NOAA aponta para uma temporada ciclônica menos ativa do que o normal, com a formação de entre 8 e 13 tempestades tropicais, das quais entre 3 e 6 chegariam a furacões, e um ou dois deles de categoria maior.

Até o momento só se formou na Bacia do Atlântico um furacão, Arthur, que alcançou a categoria 2 na escala de Saffir-Simpson, de um máximo de cinco.

De fato, o primeiro furacão de temporada no Atlântico se “formou muito ao norte e com uma baixa pressão não tropical”, quando o normal é que um furacão surja a partir de uma onda tropical, precisou Kimberlain.

Arthur se formou em 1 de julho como tempestade tropical frente à costa do centro-leste da Flórida e, após se transformar em ciclone, seu centro tocou terra nos litorais da Carolina do Norte e, posteriormente, no Canadá, na província de Nova Escócia, sem causar vítimas mortais.

“A pressão na superfície no Atlântico é grande e o ar nas camadas médias e altas da atmosfera é seco”, uma série de condições que, reiterou, determinam uma menor atividade ciclônica e “não favorecem a formação de furacões”.

A previsão e análise do cientista do NHC coincide com o relatório divulgado nesta quinta-feira pela NOAA, no qual este organismo assinala que o fenômeno tem 70% de possibilidades de continuar seu desenvolvimento durante o verão no hemisfério norte e cerca de 80% no outono e no começo da estação invernal.

Os especialistas destacaram que as temperaturas da superfície marinha do Pacífico são mais altas do que o normal, um sinal claro do desenvolvimento do El Niño, que costuma provocar chuvas intensas e estações úmidas no litoral americana do Pacífico.

Além disso, o El Niño tornará mais difícil que os sistemas que se originam na África se intensifiquem, acrescentou Kimberlain.

Os especialistas destacaram o incomum registro de dois anos consecutivos “tão tranquilos e de tão pouca atividade ciclônica” como o de 2013 e o previsto para 2014, ao mesmo tempo em que reconheceu a incapacidade dos especialistas para explicar nestes momentos com certeza as causas deste fenômeno. EFE

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