Eleição de Trump abre “período de incerteza”, diz Hollande

  • Por Estadão Conteúdo
  • 09/11/2016 10h37
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CDA036. LAS VEGAS (EE.UU.), 19/10/2016.- El candidato a la Presidencia de EEUU por el partido Republicano Donald Trump durante el debate con su rival demócrata Hillary Clinton hoy, miércoles 19 de octubre de 2016, en la Universidad de Nevada en Las Vegas (EE.UU.). EFE/JIM LO SCALZO EFE/JIM LO SCALZO Donald Trump em debate presidencial contra Hillary Clinton em Las Vegas

O presidente da França, François Hollande, saudou de forma glacial a eleição do novo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e afirmou que o pleito abre “um período de incerteza” nas relações internacionais. Em uma declaração austera e dura, o chefe de Estado disse felicitar o americano, “como é usual”, garantiu que Paris trabalhará com Washington, mas advertiu para as “incertezas provocadas pela desordem no mundo”.

Os líderes políticos da União Europeia demoraram mais de três horas para começar a congratular na manhã desta quarta-feira (9), o presidente eleito dos Estados Unidos, pela vitória no pleito de ontem. E a receptividade foi fria. François Hollande informou mais cedo que se pronunciaria até o final da manhã, ao fim da reunião do Conselho de Ministros, o encontro ministerial que ocorreu no Palácio do Eliseu. 

Perto do meio-dia, Hollande tomou a palavra em uma declaração solene. “Eu o felicito, como é usual”, afirmou o francês a respeito de Trump, dizendo também pensar em Hillary Clinton, candidata que o socialista apoiava na eleição. Logo a seguir, o chefe de Estado deixou clara sua preocupação com o resultado das urnas. “Essa eleição americana abre um período de incerteza”, disse ele, lembrando que “os Estados Unidos constituem um parceiro de primeira importância para a França”.

Hollande lembrou as frentes que relações internacionais, mencionando a defesa, a luta contra o terrorismo, a economia e a preservação ambiental como prioritários, temas nos quais espera trabalhar com Donald Trump. “Eu engajarei sem tardar uma discussão com a nova administração americana”, afirmou Hollande, ponderando: “Mas eu o farei com vigilância e franqueza”.

Para o francês, a amizade entre os dois povos e os valores comuns ajudarão no diálogo, que será marcado por “independência total”. “O novo contexto provocado pela eleição americana exige mais do que nunca que a França seja forte (…) e a Europa, unida, capaz de se expressar e portar seus valores”, exortou. Segundo Hollande, lições devem ser “forçosamente tiradas” das urnas americanas. “Nós devemos enfrentar e levar em conta as incertezas provocadas pela desordem do mundo, em todos os povos, inclusive o americano. Devemos encontrar as respostas, que devem ser capazes de superar o medo”, pregou, encerrando a seguir sua declaração: “Mais do que nunca essa eleição nos conduz a assumir nossas responsabilidades, da França e da Europa”.

Minutos antes, a primeira-ministra da Grã-Bretanha, Theresa May, quebrou o silêncio dos líderes europeus e garantiu que os dois países vão trabalhar juntos pela segurança e prosperidade nos próximos anos. “A Grã-Bretanha e os Estados Unidos têm um relação duradoura e especial baseada nos valores de liberdade, democracia e empreendedorismo”, afirmou a premiê, que assumiu o cargo em julho com a missão de levar a cabo o “Brexit”, a saída de seu país da União Europeia. “Nós somos, e vamos continuar, parceiros fortes e próximos em comércio, segurança e defesa. Eu espero trabalhar com o presidente eleito Donald Trump para construir sobre esses laços para assegurar que a segurança e a prosperidade de nossas nações nos anos que vêm.”

Em Berlim, a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, também deve realizar uma declaração oficial. Por ora, apenas o vice-chanceler, líder do Partido Social-Democrata (SPD), Sigmar Gabriel, veio a público, fazendo críticas frontais ao novo presidente americano. “Trump é o pioneiro de um novo movimento autoritário e chauvinista”, disparou o número 2 do governo de Merkel. “Esta é uma advertência para nós. Nosso país e a Europa devem mudar se nós quisermos conter este movimento internacional ” 

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