Eleição marca diferenças geopolíticas entre Dilma, Marina e Aécio

  • Por Agencia EFE
  • 02/10/2014 19h04
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Pablo Giuliano.

São Paulo, 2 out (EFE).- As eleições presidenciais de outubro definirão o rumo internacional que a maior economia da América Latina e um dos motores do mundo emergente tomará a partir de 1º de janeiro de 2015.

A presidente Dilma Rousseff (PT), que concorre à reeleição, defende em sua campanha a cooperação Sul-Sul e o avanço na integração em infraestrutura e energética da América Latina, enquanto a ex-senadora Marina Silva (PSB) propõe uma reformulação nas relações com os Estados Unidos e flexibilizar o Mercosul.

Para Aécio Neves (PSDB), segundo sua equipe de política externa, “o Brasil deve voltar a dar prioridade às relações com os países desenvolvidos”, e, da mesma forma que Marina, quer melhorar laços com os Estados Unidos e com a Aliança do Pacífico (México, Chile, Colômbia e Peru).

Apesar de ser a sétima maior economia mundial, o Brasil tem desafios regionais de grande porte: a América do Sul consome basicamente manufaturas brasileiras, e ao Mercosul, bloco do qual é membro junto com Argentina, Paraguai, Uruguai e Venezuela, deverão se incorporar em um futuro próximo como membros plenos Bolívia e Equador.

A diplomacia do Brasil quer “consolidar o Mercosul e transformá-lo em uma união aduaneira, e para isso vai persistir na relação com seus membros”, disse à Agência Efe o assessor especial da Presidência da República para assuntos internacionais, Marco Aurélio Garcia.

“O comércio intra-Mercosul é muito relevante. Argentina é um dos três principais parceiros comerciais do Brasil. E se a expansão nesse comércio não é maior, é pelas dificuldades mundiais e regionais”, declarou Garcia, ex-presidente do PT.

De acordeo com ele, o governo Dilma esteve marcado pela crise internacional originada nas finanças de Estados Unidos e Europa, o papel do G20 e na rápida consolidação do fórum Brics (Brasil, Rússia, a Índia, China e África do Sul), que em 2014 anunciou a constituição de um banco conjunto de desenvolvimento.

E como “sombra” e “mancha”, ele julgou a espionagem feita pela Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos (NSA) contra a Petrobras, o governo brasileiro e a própria Dilma, o que cancelou a visita oficial que a governante faria em 2013 ao presidente americano, Barack Obama.

“Queremos relações simétricas”, frisou o influente assessor sobre os Estados Unidos, segundo maior parceiro comercial do país, atrás apenas da China.

Ao contrário da campanha de Marina, que atribui à Argentina a lentidão para um acordo com a União Europeia e o Mercosul, Garcia disse que a oferta sul-americana está entregue e à espera de uma resposta dos europeus.

Do outro lado, Mauricio Rands, coordenador da campanha do PSB, disse à Efe que um dos eixos de governo da ex-ministra do Meio Ambiente será “flexibilizar” o Mercosul, para que possa haver “duas velocidades” nas negociações dos membros do bloco com outros países, o que facilitaria acordos, por exemplo, entre Brasil e Estados Unidos.

“Nosso programa apresenta correções que necessitam ser realizadas nas relações exteriores”, explicou Rands, que previu um governo do PSB voltado a “dinamizar e fortalecer as relações” no âmbito do Mercosul e da Unasul.

“Obama terá muita afinidade com o Brasil de Marina Silva”, disse Rands, que acredita que se a candidata do PSB for escolhida, haverá uma possível nova relação com Washington após o imbróglio gerado pelo escândalo de espionagem contra Dilma e revelado pelo ex-analista da NSA Edward Snowden.

Aécio, por sua vez, propõe que o país intensifique as relações com a América Latina.

“O governo de Aécio terminará com o atual isolamento de nossa política externa. Uma das prioridades para sair desse isolamento será aprofundar acordos com a Aliança do Pacífico. Com o México, vamos retomar seriamente os contatos para um amplo acordo comercial”, respondeu à Efe a equipe do candidato tucano. EFE

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