Eleições legislativas começam temporada de disputas eleitorais na Colômbia

  • Por Agencia EFE
  • 04/03/2014 18h24

Albert Traver.

Bogotá, 4 mar (EFE).- A eleição legislativa deste domingo dá início a um intenso período eleitoral que ainda terá outros três encontros dos colombianos com as urnas: o primeiro e o segundo turno das presidenciais e o referendo revogatório contra o prefeito de Bogotá.

As legislativas de 9 de março serão estratégicas para o futuro do país, já que os colombianos elegerão o que se conhece como “o Congresso da Paz”, ou seja, o que terá que apoiar, ou não, os acordos alcançados pelo governo na mesa de negociações com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).

É por isso que este histórico processo centrou a campanha entre os partidários e contrários a continuar com os diálogos que acontecem em Havana desde novembro de 2012 e nos quais já se chegaram acordos em dois dos cinco pontos da agenda: terras e participação política.

O presidente colombiano, Juan Manuel Santos, que hoje inscreveu sua candidatura à reeleição nas presidenciais que celebrarão seu primeiro turno em 25 de maio e o segundo, se for necessário, em 15 de junho, tem o apoio em suas políticas de seu Partido do U, do Liberal e de Mudança Radical.

Segundo as pesquisas, estas três formações obteriam a maioria no Senado colombiano, mas com uma margem estreita diante das forças contrárias ou críticas ao processo de Havana, o Centro Democrático liderado pelo ex-presidente Álvaro Uribe (2002-2010) e o Partido Conservador, até algumas semanas aliado de Santos.

A figura de Uribe, cujos governos são lembrados entre calafrios e nostalgia, polarizou a política colombiana e se prevê que o ex-presidente obtenha o melhor resultado no próximo domingo entre os aspirantes a senador, com cerca de dois milhões de votos.

À esquerda, estigmatizada pela violência guerrilheira e exterminada pela extrema-direita, não se espera quase nada: as pesquisas preveem meia dúzia de senadores para o Polo Democrático Alternativo (PDA), enquanto nenhum dos candidatos da União Patriótica (UP), na lista da centrista Aliança Verde, tem garantida uma cadeira.

Além das legislativas, este domingo acontecem as eleições para o Parlamento Andino, que despertam interesse nulo entre os eleitores, e a consulta que definirá o candidato presidencial da Aliança Verde entre Camilo Romero, John Sudarsky e Enrique Peñalosa, provável ganhador se não houver surpresas de última hora.

Com o candidato verde em cena já estará definida a disputa presidencial, com Santos como favorito, e com a participarão Óscar Iván Zuluaga (Centro Democrático), Clara López (PDA), Aída Avella, da UP, e Marta Lucía Ramírez (Partido Conservador).

A grande surpresa pode ser o voto em branco, que nas pesquisas variam entre 30% e 40%, o que ameaça com uma crise que leve a repetir as eleições com novos candidatos se esse percentual chegar à metade dos sufrágios, de acordo com a Lei de Reforma Política.

A maratona eleitoral completa o referendo revogatório contra o prefeito de Bogotá, Gustavo Petro, convocado para 6 de abril, que poderia ser anulado se o for cassado antes dessa data por um processo administrativo paralelo que enfrenta, acusado de má gestão.

Por enquanto a campanha é uma das mais tranquilas na Colômbia, acostumada à violência do conflito armado e aos ataques contra candidatos, afirmação referendada pela Defensoria Pública que apontou que o processo de paz impactou também na diminuição do risco eleitoral.

O pior episódio se registrou há algumas semanas no conturbado estado de Arauca quando escoltas de Aída Avella se enfrentaram com membros do Exército de Libertação Nacional (ELN), fato pelo que a guerrilha comunista pediu desculpas à candidata, também de esquerda.

De domingo até 15 de junho os colombianos irão às urnas em um processo observado com lupa no mundo todo, já que os escolhidos terão a responsabilidade de conseguir um acordo político de paz com a insurgência para pôr fim ao conflito armado mais longevo do continente. EFE

at/cd

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