Elizabeth II preside cerimônia pelos 800 anos da Carta Magna

  • Por Agencia EFE
  • 15/06/2015 11h22

Viviana García

Londres, 15 jun (EFE).- A rainha Elizabeth II, acompanhada pelo primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, presidiu nesta segunda-feira as comemorações pelos 800 anos da Carta Magna, o documento cunhado na Inglaterra que lançou as bases da liberdade do indivíduo.

Junto aos convidados especiais de todo o mundo, a soberana, de 89 anos, inaugurou hoje uma placa comemorativa na cidade de Runnymede, no condado de Surrey (nos arredores de Londres), onde em 15 de junho de 1215 o rei João (1166-1216) aprovou o texto que estabeleceu pela primeira vez que ninguém está acima da lei.

Além da rainha, o arcebispo de Canterbury, Justin Welby, e o duque de Cambrigde (William), segundo na linha de sucessão ao trono britânico, participaram de uma celebração que esteve acompanhada por música e o desdobramento de várias bandeiras.

Durante o evento, o príncipe William inaugurou uma instalação do artista Hew Locke formada por 12 cadeiras de bronze que simbolizam a realização de um julgamento justo.

Cada uma destas cadeiras está decorada com imagens e símbolos relacionados com a histórica luta pela liberdade, o Estado de direito e a igualdade entre os indivíduos, os princípios fundamentais defendidos pelo texto medieval.

Em seu discurso hoje em Runnymede, David Cameron, que atualmente procura reformas na União Europeia (UE) em matéria de Justiça, defendeu o dever das atuais gerações de preservar o legado da Carta Magna.

“Não há melhor momento para reafirmar esses compromissos (de liberdade) que em um aniversário como este. Portanto em um dia histórico, prometamos manter vivos esses princípios”, acrescentou.

Cameron acrescentou que a Carga Magna foi “revolucionária” ao ter alterado “para sempre o equilíbrio do poder entre o governado e o governo”, e lembrou que foi fonte de inspiração de muitos defensores da liberdade, como Gandhi e Nelson Mandela.

O “premier” ressaltou que o Reino Unido avalia os princípios contidos na Carta Magna, como “a liberdade, a justiça, a democracia, o Estado de direito”.

Vários dos princípios básicos contidos na Carta Magna aparecem na Declaração Universal dos Direitos Humanos da ONU, redigida em 1948 após o final da Segunda Guerra Mundial.

Também foi fonte de inspiração da Carta de Direitos dos Estados Unidos de 1791, enquanto ajudou a limitar o poder do rei na guerra civil inglesa (1642-1651) em momentos em que os monarcas no resto da Europa gozavam de um poder absoluto.

Além das celebrações de hoje, o Reino Unido lembrou neste ano a Carta Magna com diversas exposições, conferências e debates acadêmicos sobre a influência e o legado deste texto.

O documento foi redigido em latim sob o título de “Magna Carta Libertatum” e, das 13 cópias que os historiadores sabem que foram emitidas, só quatro sobreviveram.

Duas delas estão nas catedrais inglesas de Salisbury e Lincoln e outras duas na Biblioteca britânica, em Londres.

Este documento foi cunhado em seu dia como tratado de paz para pôr fim às rivalidades entre o rei João e um grupo rebelde de nobres (chamados barões) por problemas de dívidas.

A carta foi redigida originalmente pelo arcebispo de Canterbury para conseguir a paz entre as duas partes e estabelecia a proteção dos nobres do encarceramento ilegal e deixava claro que a ninguém se lhe podia negar justiça.

Pouco tempo depois de sua emissão, João mostrou sua inquietação pelos termos que limitavam seu poder, por isso que pediu ao papa Inocêncio III que anulasse o texto.

No entanto, em 1225, o filho de João, Henrique III (1207-1272), emitiu uma nova versão e anos depois, em 1297, Eduardo I (1239-1307) a incorporou à legislação inglesa. EFE

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