Em 2016, comércio varejista tem pior resultado desde o início de série histórica
As vendas do comércio varejista caíram 2,10% em dezembro ante novembro de 2016, na série com ajuste sazonal, informou na manhã desta terça-feira (14), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Na comparação com dezembro de 2015, sem ajuste sazonal, as vendas do varejo tiveram baixa de 4,90% em dezembro de 2016.
Assim, as vendas do varejo restrito acumularam retração de 6,20% no ano de 2016. Este é o pior resultado do comércio varejista do país desde o início da série histórica, em 2001. No ano passado, o setor teve resultado negativo de 4,3%.
Varejo ampliado
Quanto ao varejo ampliado, que inclui as atividades de material de construção e de peças e partes de veículos, as vendas caíram 0,10% em dezembro ante novembro, na série com ajuste sazonal. Na comparação com dezembro de 2015, sem ajuste, as vendas do varejo ampliado tiveram baixa de 6,70% em dezembro de 2016.
As vendas do comércio varejista ampliado acumularam queda de 8,70% no ano de 2016.
Desse modo, o comércio varejista ampliado registrou a queda mais acentuada da série histórica. Na avaliação dos economistas do instituto, o resultado do comércio varejista ampliado reflete o comportamento das vendas de veículos, motos, partes e peças, que chegaram a cair 14% no ano passado e, ainda, do setor de material de construção, com queda de 10,7% sobre 2015.
As duas atividades são as que compõem o comércio varejista ampliado. Para o IBGE, os fatores que justificam este desempenho foram “a diminuição do ritmo de financiamentos, a elevação da taxa de juros e a restrição orçamentária das famílias”.
Perfil generalizado
A queda de 6,2% no volume de vendas do comércio varejista do país no ano passado, a maior da série histórica e superando a de 2015 que havia sido de 4,3% – a maior até então – teve perfil generalizado e atingiu as oito atividades que compõem o varejo, seis das quais registrando as quedas mais acentuadas de suas séries históricas.
O fraco desempenho do setor em 2016 teve como principal destaque o recuo de 3,1% do setor de hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, que registrou o seu pior desempenho desde os 4,8% de 2003. O setor exerceu a maior influência negativa na redução do total do varejo.
Segundo o IBGE, “a perda da renda real e o aumento de preços dos alimentos em domicílio, no mesmo período, foram os principais responsáveis pelo desempenho negativo do setor”.
Também se destacaram, móveis e eletrodomésticos (-12,6%); outros artigos de uso pessoal e doméstico (-9,5%); combustíveis e lubrificantes (-9,2%); tecidos, vestuário e calçados (-10,9%); artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (-2,1%); equipamentos e material de escritório, informática e comunicação (-12,3%) e livros, jornais, revistas e papelaria (-16,1%).
Outro setor com destaque negativo foi o de móveis e eletrodomésticos, que registrou recuo de 12,6%, menos acentuado do que no fechamento de 2015 (-14,1%), ainda assim contribuindo com o segundo maior impacto negativo na taxa anual do comércio varejista.
“Com uma dinâmica de vendas associada à disponibilidade de crédito e a evolução dos rendimentos, o resultado do setor, abaixo da média geral, foi influenciado principalmente pela elevação da taxa de juros nas operações de crédito às pessoas físicas e pela queda da massa real de rendimentos”, avaliaram economistas do IBGE.
Já o setor de combustíveis e lubrificantes, com queda de 9,2%, representou a quarta maior contribuição negativa no resultado anual do varejo. “Esse resultado, abaixo da média geral, foi influenciado pela já citada redução da massa real, além do impacto devido ao recuo do ritmo da atividade econômica”, disse o Instituto.
Apesar do caráter essencial de uso, artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos, ao recuar 2,1% em 2016, teve o primeiro recuo da série histórica, iniciada em 2004.
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