Em aniversário de marcha, Obama afirma que luta contra racismo não terminou

  • Por Agencia EFE
  • 07/03/2015 19h13

Washington, 7 mar (EFE).- O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, afirmou neste sábado que a luta contra o racismo não terminou, durante um discurso em Selma (Alabama) por ocasião do 50º aniversário da passeata pacífica pelo direito ao voto dos afro-americanos.

“Sabemos que a marcha não terminou”, disse o presidente perante milhares de pessoas na ponte Edmund Pettus, onde os ativistas foram duramente reprimidos pela polícia em 1965.

“Só temos que abrir nossos olhos e ouvidos e o coração, saber que a história racial desta nação ainda projeta sua longa sombra sobre nós”, acrescentou Obama.

O presidente fez referência a casos como o de Michael Brown, um jovem afro-americano de 18 anos que morreu em agosto do ano passado baleado em uma rua de Ferguson por um policial branco, em um incidente que suscitou protestos e distúrbios e que abriu o debate sobre o racismo policial.

O Departamento de Justiça dos EUA publicou nesta semana um relatório no qual acusa à polícia de Ferguson de discriminação racial e de violar sistematicamente os direitos civis da população negra, com detenções sem motivo aparente e o uso excessivo da força, especialmente contra a comunidade afro-americana.

“Selma nos ensina também, que a ação requer que nos despojemos de nosso cinismo. Por isso, no que se refere à busca da justiça, não podemos permitir nem complacência nem o desespero”, acrescentou o presidente.

Obama destacou ainda que seria um “erro” concluir que o racismo foi expatriado e que o trabalho dos homens e mulheres que participaram da marcha de Selma se completou, motivo pelo qual fez um apelo a todos os americanos “não só brancos, não só negros”, a trabalhar para elevar o nível de confiança mútua.

No ato estiveram presentes o ex-presidente republicano George W. Bush e sua esposa Laura, assim como o governador do Alabama, Robert Bentley, e uma delegação de uma centena de congressistas liderada pelo democrata John Lewis, que participou da passeata histórica quando tinha 25 anos e a quem Obama se referiu como um de seus “heróis”.

Lewis, que apresentou o presidente, concordou que “ainda resta trabalho a fazer” e pediu aos cidadãos que construam coisas boas “sobre o legado da marcha”, na qual ele mesmo ficou ferido.

“Nosso país nunca voltou a ser o mesmo depois do que aconteceu nesta ponte”, declarou o congressista, acrescentando que jamais acreditaria se alguém tivesse lhe dito nesse dia de 1965 que um dia estaria apresentando o primeiro presidente negro do país. EFE

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