Em conflito, Ucrânia vai às urnas escolher novo presidente
Boris Klimenko.
Kiev, 22 mai (EFE).- A Ucrânia vai às urnas neste domingo votar para presidente em eleições extraordinárias – convocadas após a queda do governo de Viktor Yanukovich – e vivendo um conflito armado entre as forças do governo provisório de Kiev e insurgentes pró-Rússia do sudeste do país.
A grande incógnita deste pleito é se os líderes provisórios da Ucrânia conseguirão organizar e em que magnitude a jornada eleitoral nas regiões de Lugansk e Donetsk, declaradas “repúblicas populares independentes” pelos líderes do levante pró-Rússia.
“Todas as tentativas dos terroristas de impedir a eleição do presidente da Ucrânia em Donetsk e Lugansk estão condenados ao fracasso”, declarou o primeiro-ministro ucraniano interino, Arseni Yatseniuk.
Nessas duas regiões, de maioria russófona, vivem cerca de 7 milhões de pessoas, quase 15% da população da Ucrânia.
“As eleições devem acontecer em todas as regiões do país. Somos cientes de que há lugares onde haverá complicações, mas são poucos, e isso não influirá no resultado do pleito”, ressaltou Yatseniuk, que acrescentou que o pleito será legítimo e que a “Ucrânia terá um presidente legalmente eleito”.
Por sua vez, os líderes insurgentes garantem que controlam a situação em grande parte da regiões de Donetsk e Lugansk e que as eleições convocadas pelo governo de Kiev não têm nenhuma legitimidade.
“Acreditamos que as eleições presidenciais de 25 de maio não serão legítimas. Certamente, não as reconheceremos. tentar organizar pleito no território de nossos Estados independentes é ilegal”, disse Pavel Gubarev, um dos líderes insurgentes em Donetsk.
A Rússia, acusada pelo governo de Kiev de agressão e de instigação ao levante no sudeste do país, também questiona a legitimidade do pleito presidencial ucraniano, embora com ponderações.
“Custa imaginar que estas eleições possam ser completamente legítimas. Mas, ao mesmo tempo, é evidente que não realizá-las levaria a uma situação ainda mais penosa. Por isso, entre dois males, é preciso escolher o menor”, afirmou o presidente da Duma (Câmara dos Deputados) da Rússia, Sergei Narishkin.
Segundo o chefe do Legislativo russo, a legitimidade das eleições presidenciais ucranianas está em xeque porque ocorrerão “em condições de uma operação de castigo em várias localidades do país, em duas regiões onde vivem cerca de sete milhões de cidadãos”.
Narishkin se referia à “operação antiterrorista” lançada pelo governo de Kiev nas regiões de Lugansk e Donetsk contra a insurgência pró-russa.
“Sabemos perfeitamente que, no enorme território das regiões de Donetsk e Lugansk, as eleições presidenciais não poderão acontecer com normalidade”, admitia no início de semana o ministro do Interior ucraniano, Arsen Avakov.
O governo ucraniano já assume que existem municípios rebeldes, como Slaviansk, Kramatorsk e Gorlovka, onde os eleitores não irão às urnas, alguns por própria iniciativa e outros por medo de represálias dos milicianos pró-Rússia.
Segundo a Comissão Eleitoral Central da Ucrânia, faltando uma semana para as eleições, os insurgentes tinham bloqueado 11 das 34 circunscrições eleitorais em Donetsk e Lugansk.
Mas, na reta final da campanha eleitoral, também houve boas notícias para o governo de Kiev: Rinat Akhmetov, o homem mais rico da Ucrânia, proprietário do maior conglomerado industrial do país, liderou um movimento de protesto contra os separatistas.
“O que fizeram por nossa terra? Que postos de trabalho criaram? Andar com fuzis pelas cidades de Donbass é acaso defender os direitos do povo?”, declarou ele nesta quarta-feira.
O magnata, conhecido por sua postura em favor da federalização da Ucrânia, não tinha se manifestado anteriormente sobre o levante.
Segundo dados do Ministério do Interior da Ucrânia, desde abril, os confrontos armados entre as forças de segurança e as milícias pró-Rússia deixaram dezenas de mortos e mais de uma centena de feridos. EFE
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