Em Havana, cubanos comemoram importância de saudação entre Obama e Castro

  • Por Agencia EFE
  • 11/04/2015 16h51

Sara Gómez Armas.

Havana, 11 abr (EFE).- Após meio século de inimizade e hostilidades, Cuba amanheceu neste sábado com a imagem na imprensa oficial da saudação de seu presidente, Raúl Castro, com o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, um gesto impensável para os cubanos há meses e que simboliza os novos tempos de aproximação entre os países.

“Foi uma coisa excepcional. Na história da revolução nunca se tinha visto uma imagem assim. Após tantos anos de tensões entre os dois governos, (a imagem) entrará para a história”, disse à Agência Efe Lorenzo Brea, um pintor que lia em um parque de Havana o jornal “Granma”, que destaca em sua capa a imagem do breve encontro de Castro e Obama ontem durante a Cúpula das Américas, no Panamá.

“Notei Raúl muito risonho e Obama um pouco mais cauteloso, mas bom, acho que foi positivo”, resumiu Brea após analisar a foto.

Os dois líderes apertaram as mãos e trocaram algumas palavras nesta sexta-feira, antes do ato de abertura da Cúpula das Américas, e neste sábado está previsto que tenham um diálogo, um tête-à-tête histórico entre presidentes de Cuba e EUA, para carimbar o degelo diplomático que ambos anunciaram em 17 de dezembro do ano passado.

Brea espera que esse encontro sirva para “limar” as “asperezas” que persistem entre os dois países e para imprimir velocidade ao processo de restabelecimento de relações, que ainda não acarretou mudanças substanciais.

Nas ruas de Havana se respirava hoje uma grande expectativa perante essa reunião, com uma mistura de incredulidade e emoção e com o anseio que em breve se possam concretizar mudanças na ilha e isso se traduza em uma melhoria de seu dia a dia, algo que a maioria vincula ao fim do embargo econômico sobre Cuba.

“Nós os cubanos temos muita esperança nessa reunião e em tudo o que possam solucionar entre eles. Nunca ninguém esperou essas coisas que estão acontecendo agora. É verdadeiramente muito impressionante e agradável porque vai haver mudanças em nosso país”, comentou Inés Leiva, uma garçonete de 20 anos.

“Nunca esperei ver essa imagem, nem eu nem nenhum cubano esperou ver nunca essa imagem. É emocionante e impressionante”, declarou Inés sobre a foto do aperto de mãos, a “imagem da cúpula”.

Diante da importância do encontro entre os dois líderes, o “Granma”, porta-voz do Partido Comunista de Cuba, anunciou que amanhã, dia em que não costuma circular, imprimirá uma edição especial “para refletir o que acontece no histórico evento hemisférico”.

Por sua vez, Alejandro, um trabalhador da construção de 44 anos, contou à Efe que os cubanos estão seguindo com muito interesse tudo o que está acontecendo na Cúpula das Américas, já que a televisão estatal está fazendo uma cobertura especial sobre o evento, transmitindo ao vivo os atos oficiais.

“As pessoas estão sempre em frente aos televisores seguindo a cúpula. Esperam ver um dos fatos mais importantes, que é o encontro entre os dois presidentes”, declarou.

Para Alejandro, ver nesta manhã na imprensa a “imagem da reconciliação”, foi uma “imensa alegria”, já que demonstra que estão acontecendo “passos e sintomas promissores para a normalização das relações futuras entre EUA e Cuba”.

O discurso oficial cubano transmitiu a seus cidadãos a mensagem que não se poderá falar oficialmente de restabelecimento de relações até que não se abram as respectivas embaixadas, algo que os Estados Unidos desejavam para antes da cúpula.

Cuba reivindica como um dos primeiros passos para a normalização sua saída da lista de países patrocinadores do terrorismo, algo que o Departamento de Estado já recomendou ao presidente Obama e que poderia ser anunciado durante a cúpula.

“Demonstraria que os Estados Unidos são firmes em sua política de normalização com Cuba, seria um gesto transcendental em uma cúpula onde a ilha participa pela primeira vez”, opinou Jorge de Armas, diretor da CAFE (Cuban-Americans for Engagement), uma organização do exílio que há anos advoga por uma relação cordial entre os países.

Para De Armas, também “seria desejável” que durante a cúpula se anuncie a data para a abertura de embaixadas, uma “demonstração da responsabilidade e vontade de Cuba com o propósito de superar um conflito de mais de 50 anos”. EFE

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