Em mensagem de paz, argentino e inglesa farão travessia a nado nas Malvinas
Buenos Aires, 10 fev (EFE).- A fim de transmitir uma mensagem de união e paz, dois atletas, um argentino e uma inglesa, atravessarão a nado os cinco quilômetros do estreito de San Carlos, no arquipélago das Malvinas, onde Argentina e Reino Unido têm um longo histórico de enfrentamento pela soberania da região.
Com a intenção de promover o entendimento entre seus países de origem, o argentino Matías Ola, de 30 anos, e a britânica Jackie Cobell, de 60, ambos especializados em nado em águas frias sem o uso de roupas de neoprene, cruzarão em março o estreito que separa as ilhas de Soledad e Gran Malvina – as principais do arquipélago – sem nenhuma proteção.
A previsão é que a temperatura da água oscile entre 6 e 8 graus.
“É uma grande oportunidade para enviar uma mensagem de paz, fazendo algo que gostamos”, disse Ola em entrevista à Agência Efe, na qual afirmou que promover sentimentos de união e paz no mundo é “extremamente necessário”, “especialmente na Argentina”, onde o conflito pela soberania das ilhas continua “muito presente”.
“Enquanto a Argentina não conquistar a soberania, o confronto será permanente”, admitiu, mas “socialmente, podemos nos unir, e nos concentrarmos em ter paz”.
O nadador disse ter consciência sobre a possibilidade de o ato incomodar a alguns, mas considera esta a oportunidade perfeita para que a sociedade compreenda que é possível promover “pensamentos positivos através de pequenas ações”.
A travessia acontecerá na semana de 14 a 21 de março, dependendo das condições meteorológicas.
A respeito de Jackie Cobell, Ola falou que é impossível não ter uma boa relação com uma pessoa que mostra tanta “vontade de viver”, e a definiu como a “parceira ideal” para este desafio, pelos seus 60 anos e por ter nadado os 40 km do canal da Mancha em 30 horas – exemplo de que “superar seus limites” é possível.
Jackie e Ola se conheceram há três anos durante a travessia de 134 km do estreito de Bering, que separa a Sibéria do Alasca. E descobriram então que compartilhavam o desejo de realizar um ato significativo como este.
“Eu nasci quando a guerra estava acontecendo e ela a viveu, mas nós dois concordamos que não este conflito nunca deveria ter acontecido, assim como a maioria dos cidadãos, tanto ingleses como argentinos”, comentou Ola.
Em 1833 a Argentina reivindicou sem sucesso a soberania das ilhas, quando o Reino Unido retomou a posse da região. Em 1982, tropas argentinas desembarcaram nas ilhas, provocando a guerra entre os dois países. O conflito, que terminou com a rendição da Argentina em junho do mesmo ano, provocou a morte de 255 britânicos, 649 argentinos e três ilhéus.
Em março de 2013 foi realizado um plebiscito, não reconhecido pelo governo da Argentina, no qual a maior parte da população votou por permanecer vinculada ao Reino Unido. EFE
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