Em Moçambique a economia cresce sem beneficar a população

  • Por Agencia EFE
  • 14/10/2014 20h54
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Jesús Sanjurjo.

Maputo, 14 out (EFE).- Moçambique vive um grande crescimento econômico devido à exploração das reservas de gás e carvão, embora este auge esteja beneficiando unicamente um pequeno setor e a maioria da população continue sobrevivendo abaixo da linha da pobreza.

As eleições gerais da próxima quarta-feira podem promover este crescimento, especialmente se ajudarem a consolidar o acordo de paz assinado em setembro entre o governo e a oposição, o que daria ao país a estabilidade necessária para que os investimentos aumentem.

O Produto Interno Bruto (PIB) de Moçambique cresceu 7,5% no primeiro trimestre deste ano, segundo os dados do Ministério da Economia.

O investimento privado estrangeiro se multiplicou nos dois últimos anos, e chegou a US$ 4 bilhões em 2014, destinados, em sua maioria, à exploração das minas de carvão e às reservas de gás natural.

“A economia está crescendo pelo efeito dos grandes investimentos estrangeiros, mas o problema é que ainda é uma economia muito porosa, ou seja, da mesma forma que estes recursos entram, saem”, advertiu à Agência Efe Eduardo Mondlane, professor do Instituto de Estudos Sociais e Econômicos (IESE) de Moçambique.

Cerca de 80% da população depende da agricultura de subsistência, e 50% vive abaixo da linha da pobreza.

“O crescimento não quer dizer que a economia esteja saneada, mas simplesmente é maior. Podemos ver isso nas escolas, que continuam sem carteiras e com professores desmotivados. As pessoas estão sem emprego ou em condições muito ruins de trabalho e isto cria pobreza em vez de criar bem-estar”, acrescentou.

Segundo este analista, 95% do investimento em agricultura nos últimos dez anos foi unicamente para seis produtos voltados à exportação, o que faz com que “a produção de comida para o mercado interno se reduza ao mesmo tempo em que a economia cresce”.

Um terço do orçamento público, R$ 1,426 bilhão, vem de doações diretas de outros países e instituições privadas para ajudar a reduzir a pobreza.

Alguns destes doadores, entre os quais estão União Europeia, Banco Mundial e Banco Africano, expressaram desconforto com o descumprimento dos objetivos fixados para estas contribuições, e especialmente pela falta de transparência em alguns investimentos públicos.

Por este motivo, alguns países que também estão nesta lista, como Alemanha, Reino Unido e Noruega, já anunciaram que retirarão a ajuda ano que vem.

A embaixadora da Suécia em Moçambique, Irina Nyoni, presidente da entidade que canaliza estas doações, se reuniu recentemente com o governo para tentar reverter esta situação.

No fim da reunião, ressaltou a importância que a eleição terá para a estabilidade política e econômica do país.

“Contribuirão para salvaguardar a paz e para consolidar a democracia. Estas eleições são muito importantes para a cooperação econômica, que se assenta nos princípios básicos de um processo eleitoral livre, crível e democrático”, disse aos jornalistas. EFE

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