Em reunião, ONS determina redução gradual na vazão do Rio Paraíba
A redução da vazão na bacia do Rio Paraíba do Sul deverá ser gradual. Em reunião nesta quinta-feira, 5, no Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), técnicos apontaram a necessidade de se chegar a 110 mil litros por segundo caso a seca se mantenha.
O objetivo é preservar estoques de água ameaçados pela crise hídrica. A tendência é que seja definida a redução para 130 mil litros por segundo na próxima reunião do Grupo de Trabalho que acompanha a operação na bacia, no dia 12.
Até o dia 28, está autorizada pela Agência Nacional de Águas (ANA) a vazão de 140 mil litros por segundo na estação de Santa Cecília, em Barra do Piraí (RJ). Ali, cerca de dois terços das águas do Paraíba do Sul são desviadas para o Rio Guandu, que abastece 9 milhões de pessoas na região metropolitana do Rio de Janeiro.
“O ONS solicitou 110 mil litros por segundo. Agora vamos traçar os cenários e avaliar os impactos dessa vazão. Acredito que a redução será gradual e chegaremos a 130 mil litros por segundo depois do dia 28”, disse a vice-presidente do Comitê de Integração da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul (Ceivap), Vera Lúcia Teixeira.
Segundo ela, o grupo precisa “pensar no cenário mais negativo para que não haja mais problemas no futuro”. Ela criticou o procedimento das grandes indústrias. “Desde abril do ano passado as indústrias já deveriam ter feito adaptações para reutilizar água, mas as pessoas sempre acham que vai chover e ficar tudo bem.”
Vera também criticou a decisão do governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) de negar a hipótese de racionamento. “É um erro estratégico. Na lógica do governo, economizar água significa diminuir recursos.”
Com a redução drástica da vazão, os primeiros afetados seriam indústrias do polo de Santa Cruz, na zona oeste, e municípios do Norte Fluminense, onde está a foz do Paraíba. Relatório do ONS aponta que há risco de esgotamento das reservas antes do fim de agosto, caso a vazão atual seja mantida e não chova o suficiente para encher parte dos reservatórios. Duas das quatro represas que abastecem o Rio de Janeiro já atingiram o chamado volume morto.
*Felipe Werneck
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